Foi a 21 de Novembro de 2015, evocando em particular uma das Conquistas da Revolução que não foi liquidada de imediato pelo golpe reacionário do 25 de Novembro de 1975, a Reforma Agrária, que a Associação Conquistas da Revolução (ACR) levou a cabo, no Auditório da Junta da União de Freguesias da Vila, Vila do Bispo e Silveiras, em Montemor-o-Novo, uma sessão de apresentação dos livros por si editados, “Conquistas da Revolução” e “Vasco, nome de Abril”.
Dirigida por António Danado, Presidente da Junta, e perante quase meia centena de presenças, a sessão contou com intervenções de Manuel Begonha e José Baptista Alves, Militares de Abril e respectivamente Presidente e Vice-Presidente da ACR, Hortência Menino, Presidente da Câmara Municipal, e, naturalmente, António Gervásio, resistente anti-fascista, preso político nas masmorras da ditadura e obreiro daquela que foi chamada a mais bela das Conquistas de Abril.
António Gervásio, que foi membro do Comité Central do PCP durante décadas, não podia então deixar de recordar a presença de Vasco Gonçalves quer na I Conferência dos Trabalhadores Agrícolas do Sul, a 9 de Fevereiro de 1975, quer na XI Conferência da Reforma Agrária, a 24 e 25 de Outubro de l987, ambas realizadas em Évora, esta sob o lema “Portugal precisa da Reforma Agrária”: “A Reforma Agrária foi destruída, tal como outras Conquistas da Revolução. Mas a bandeira da Reforma Agrária mantem-se viva e actual, como valor de Abril a apontar para o futuro de Portugal… A Reforma Agrária é uma exigência incontornável para um governo patriótico e de esquerda” – enfatizou.
No passado sábado, 25 de Fevereiro, no dia dos seus 90 anos, a Comissão Concelhia de Montemor do PCP homenageou-o naquelas mesmas instalações repletas de camaradas e amigos, entre os quais, em nome do colectivo partidário, Albano Nunes. Perpassou-se desde o sublinhar da coincidência de também este ano estarmos a comemorar o Centenário da Revolução Socialista de Outubro, o recordar que Álvaro Cunhal esteve em todas as 12 Conferências (até 1989), o inesquecível papel da companheira, Maria Lourença, ao longo dos muitos, muitos anos de luta ao preço cobrado aos funcionários na clandestinidade, a fuga de Caxias em 1961, a libertação de Peniche às 0h30 de 27 de Abril de 1974, o estatuto de deputado da Constituinte, o assassinato dos trabalhadores agrícolas António Casquinha e José Geraldo “Caravela” na Herdade de Vale do Nobre, pertencente à UCP “Bento Gonçalves”, no Governo de Maria de Lourdes Pintassilgo, a Lei Barreto, até à solidariedade dos países socialistas e em particular da URSS e a dos trabalhadores portugueses das grandes concentrações industriais, com destaque para as da Margem Sul do Tejo e da Península de Setúbal.
E mais solidariedade: de entre as ofertas, a da reprodução em escala mais reduzida de um cartaz que em 1976 chegou às mãos de um militante alentejano, então rapaz, trazido por um padre operário francês, com um desenho negro no branco de um trabalhador a lavrar da terra, rabiscado por duas frases: “A terra a quem a trabalha” e, em francês, “soutien aux travailleurs des cooperatives agricoles portugaises” (apoio aos trabalhadores das cooperativas agrícolas portuguesas), oriundo da imprimerie 34, rue des Blanchers, 31000 Toulouse. O fiel depositário, vindo a residir no Vale da Amoreira, Concelho da Moita, removera a casa no ano passado, entendeu de imediato, em pleno Verão, oferecer ao Partido o original, cuidou de um stock a pensar neste 25 de Fevereiro, e apresentou-se na Junta da União das Freguesias.