A recente e triste encenação do Partido Chega, levado a cabo na cerimónia de receção e boas vindas ao Presidente do Brasil, Lula da Silva, ficará na história como mais um daqueles tristes episódios da vida política nacional.
Esta nova forma de estar na vida quotidiana da Assembleia da República, levou já no último ano a momentos de elevada tensão, quer entre deputados das diferentes bancadas, (o “bullying” que exercem sobre o deputado único do Partido Livre é a nota mais saliente), quer entre deputados do sobredito partido e assessores da Assembleia da República e até, pasme-se, entre elementos da própria bancada do Chega!
A última “manifestação de protesto infantil”, são uma série de fotocópias coladas nas portas dos gabinetes e corredores do Parlamento, onde uma cruz vermelha surge sobre a cara do Dr. Augusto Santos Silva com uma legenda que diz: “não ao abuso de poder”.
A dignidade do hemiciclo, graças a estas ações repetidas, está hoje forçosamente em declínio e tende a piorar, muito embora encontre no Presidente da Assembleia da República, uma resistência firme e decidida a este tipo de procedimentos, pugnando sempre pela dignidade e respeitabilidade das instituições e em particular do Parlamento.
A cobertura que alguns meios de comunicação social dão a este tipo de atitudes, onde não existe uma palavra de reprovação, quer da parte de um certo grupo de comentadores, ou de determinadas opções editoriais de jornais e televisões, mostra apenas o desejo de aumentar as audiências através do “lavar de roupa suja”, e onde se substitui a decência, a correção e a verdade pelo achincalho e a crítica leviana.
A “holliganização” da política trazida para o Parlamento, quer no discurso, quer nas atitudes, revela aquilo que é evidente para todos: um partido desta natureza nunca terá em nenhuma circunstância condições para exercer poder, limita-se a ser um agente de protesto incessante, repetido, vazio e onde o discurso fácil e a postura de permanente conflito, colhe apenas junto dos que não param para pensar e refletir profundamente na mensagem que lhes é transmitida, e no programa que este partido defende para o país.
Mantenho a esperança de que, um partido com um histórico de responsabilidade na governação de Portugal, que defende os valores mais sagrados da democracia pluralista e da liberdade individual, como é o caso do Partido Social Democrata, que acaba de comemorar os 49 anos da sua fundação, não se deixe em nenhuma circunstância, fazer refém deste tipo de movimentos populistas, intolerantes, com posições antidemocráticas e xenófobas. Lembremos a postura destes em relação à etnia cigana, ao regresso da aplicação da pena de morte e a propensão para o autoritarismo.
É fundamental que a sociedade como um todo esteja vigilante e comprometida na defesa dos princípios democráticos, onde a diversidade, o respeito mútuo e a elevação no discurso, sejam pilares fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.