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Há limites, Senhora Ministra!

Há limites, Senhora Ministra!

Há limites, Senhora Ministra!

23 Abril 2021, Sexta-feira
Fernanda Velez

De acordo com o Decreto n.º 7, de 17 de abril, que regulamenta o estado de emergência decretado pelo Presidente da República, no passado dia 19 de abril teve início mais uma fase de desconfinamento e a reabertura, conforme previsto, de todas as atividades e espetáculos culturais, à exceção da Tauromaquia e do Circo.

A exemplo do que já aconteceu no ano passado, o Governo volta a discriminar o setor tauromáquico. Mais uma vez, e sem qualquer justificação lógica que não decorra de uma escolha política arbitrária assente na arrogância e na preferência do gosto, não é permitido que este setor possa retomar a sua atividade.

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De facto, quando cinemas, teatros, auditórios e salas de espetáculos voltam a abrir as suas portas, a Tauromaquia é a única das atividades culturais e artísticas que fica impedida de o fazer.

Ora, determinar que podem realizar-se espetáculos em recinto coberto ou ao ar livre, mas ficando excluídas “praças, locais e instalações tauromáquicas”, contraria o dever constitucional e a responsabilidade do Governo para com a Tauromaquia, enquanto atividade cultural integrante do património português.

Como supremo ato de hipocrisia, senão mesmo de afronta a todo um setor gerador de riqueza e que garante emprego a milhares de pessoas, assistimos à autorização de realização de espetáculos na Praça de Touros do Campo Pequeno, desde que não se trate de eventos tauromáquicos!

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Ainda no âmbito do mesmo Decreto n.º 7, de 17 de abril, o Circo foi integrado nas “atividades recreativas, de lazer e diversão”, subtraindo-o ao setor cultural, o que contraria a Resolução do Parlamento Europeu, de 13 de outubro de 2005, que exorta os Estados-Membros a reconhecer a atividade circense como parte da Cultura.

Para além disso, a Lei n.º 4/2008, de 7 de fevereiro, que aprova o regime dos contratos de trabalho dos profissionais de espetáculos, assim como a Portaria n.º 156/2017, de 21 de junho, que estabelece os procedimentos necessários e o serviço responsável pela gestão, organização e manutenção do Registo Nacional de Profissionais do Setor das Atividades Artísticas, Culturais e do Espetáculo (RNPSAACE), incluem expressamente os artista de circo no domínio das atividades culturais.

Estas decisões relativas ao Circo e à Tauromaquia só podem ser atribuídas a uma Ministra que parece desconhecer a legislação portuguesa, uma condição que deveria ser necessária ao cargo que desempenha, e que gere o Ministério da Cultura com base na discriminação, impondo o seu gosto pessoal e cedendo a pressões de grupos radicais minoritários da sociedade portuguesa, que não reconhecem a importância do mundo rural e daquilo que nos identifica – a nossa matriz cultural.

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A Constituição da República Portuguesa é clara. Refere o nº 2 do artigo 43º: “O Estado não pode programar a educação e a cultura segundo quaisquer diretrizes filosóficas, estéticas, políticas, ideológicas ou religiosas”.

Significa isto, preto no branco, que, por Lei e nos termos da Constituição da República Portuguesa, o Circo e a Tauromaquia devem ser protegidos e o Estado deve garantir o acesso de todos os cidadãos – se estes assim o quiserem – às atividades circenses e tauromáquicas, a partir do momento em que o permite relativamente às demais atividades culturais e artísticas.

Não havendo justificação técnica ou política que determine esta forma de legislar, os deputados do Grupo Parlamentar do PSD apresentaram uma Pergunta Parlamentar dirigida à Senhora Ministra da Cultura, com o objetivo de obter respostas a um conjunto de questões relacionadas com os critérios (ou ausência deles) que poderão estar na base desta inaceitável e lamentável forma de tratar dois setores tão importantes da nossa Cultura.

Quando uma decisão resulta do preconceito e do capricho de quem governa, ou seja, da insuportável política cultural baseada nos gostos pessoais da titular da pasta da Cultura, para quem não interessa a Lei, a História ou a relevância social e económica das atividades culturais, temos de nos indignar e gritar bem alto: há limites, Senhora Ministra!

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