(Feliz) Regresso ao passado

(Feliz) Regresso ao passado

(Feliz) Regresso ao passado

6 Março 2017, Segunda-feira
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Como tem sido divulgado na comunicação social, no próximo ano letivo, os alunos voltam a ter área de projeto e educação para a cidadania, antiga formação cívica; os tempos letivos atribuídos a algumas disciplinas também serão alterados, prevendo-se o reforço na área das humanidades, com destaque para a História.

 

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Recorde-se que, neste momento, em muitas escolas, quer a Língua Portuguesa quer a Matemática beneficiam de carga horária que corresponde ao triplo da que é atribuída à História. Com as medidas recentemente divulgadas pelo ministério da educação (que, há muito, temos vindo a defender em artigos anteriores publicados neste jornal) procura-se equilibrar as aprendizagens que garantem emprego , leia-se ciências exatas, com as aprendizagens que promovem  a socialização dos alunos, a educação para a cidadania, ou seja ,procura-se a integração do saber , do saber fazer, do saber estar e do saber ser. Vem a propósito recordar que a palavra cidadania está relacionada com cidade, significando viver com os outros, melhor saber viver com os outros, não devendo o cidadão limitar-se a respeitar os que o rodeiam, mas também a agir de modo a contribuir para a construção de uma sociedade mais solidária, mais justa.

Quando pelo mundo vão surgindo líderes políticos defensores da xenofobia, da misoginia, do racismo, demonstrando que a democracia não é um bem adquirido, mesmo na velha Europa, onde no século V a.C nasceu o «governo pelo povo», algum democrata, algum defensor dos direitos humanos, discordará das propostas do ministério dirigido por Brandão Rodrigues?

Alguns críticos não deixarão de afirmar, com razão, que neste momento existem três documentos (des)orientadores do trabalho dos professores em sala de aula: programas das disciplinas (elaborados há décadas), metas curriculares (do tempo de Nuno Crato) e o perfil dos alunos à saída da escolaridade obrigatória, dado a conhecer recentemente.  É urgente fazer-se a compilação do que cada um deles tem de positivo e elaborar-se um documento único.

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Com a valorização de saberes que garantem emprego, leia-se ciências exatas, subalternizaram-se as artes, silenciou-se o espírito crítico dos alunos, o direito a ter opinião. Esqueceu-se que algumas aprendizagens se adquirem, essencialmente, através da repetição, enquanto a audição de uma sinfonia de Beethoven, desperta sentimentos, reações diferentes; num debate sobre a escravatura, cada aluno concorda ou discorda da opinião do outro, aprende a ouvir, a refletir, a aceitar, a recusar, a ter opinião. Esqueceu-se que uma escola organizada para obter bons resultados em exames, forma gente, não forma pessoas criticas, insubmissas, cidadãos que defendam a paz, recusem a guerra, defendam a justiça, recusem a injustiça, repudiem a xenofobia, a misoginia, o racismo.

Felizmente, está de volta a vontade de articular o saber, o saber fazer, o saber estar e o saber ser.

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