O fim-de-semana de 12 e 13 de maio em Portugal fica indelevelmente marcado pela visita do Papa Francisco a Fátima, um dos mais importantes santuários marianos do mundo onde o líder da Igreja Católica celebra o centenário das aparições na Cova da Iria.
Malgrado os diferentes pontos de vista sobre o fenómeno religioso de Fátima, consubstanciados nos acreditam que na Cova de Iria houve visões ou aparições de Nossa Senhora aos três pastorinhos, e os que defendem que tais acontecimentos não passam de uma montagem da Igreja, o Santuário de Fátima continua a atrair crentes de todo o mundo, e a ocupar um lugar especial na mente e coração de muitos portugueses.
No conjunto alargado de portugueses que têm no Santuário de Fátima um local de excelência de peregrinação e devoção, encontram-se os emigrantes, sendo já marcante a jornada anual do Migrante a Fátima em agosto, que reúne dezenas de milhares de pessoas, e que se assume como uma comemoração de fé que ultrapassa fronteiras.
A projeção das comunidades de emigrantes portugueses no mundo levaram inclusive o Papa nas vésperas da sua visita a Fátima a pedir, durante uma audiência pública na Praça de São Pedro, às comunidades portuguesas para o acompanharem na oração nesta passagem por Portugal: “Peço a todos que se unam a mim, como peregrinos da esperança e da paz: que as vossas mãos em oração continuem a sustentar as minhas”.
As palavras do Papa Francisco direcionadas à emigração portuguesa expressam não só a importância dos emigrantes na construção de pontes entre povos e culturas, essência da mensagem universal da Igreja, como deslindam que a religião continua a constituir um fator estruturante de coesão e identificação das comunidades emigrantes.
Ele próprio filho de emigrantes italianos na Argentina, o Papa Francisco reconhece o fenómeno migratório como uma experiência marcante e geradora de transformações sociais em todas as regiões do mundo. Assim se entende o seu reiterado apelo a ideais como a solidariedade, a tolerância e a paz, que se entrelaçam com a Mensagem de Fátima, que continua profundamente atual e a tocar singularmente no âmago de parte significativa da população portuguesa residente no território nacional e no estrangeiro.