«o povo necessita do entusiasmo de quem pense numa grande obra de renovação, numa pedagogia do encanto»
(adapt. Ferreira de Castro)
Por todo o lado há mensagens partidárias caçando o voto com afirmações de «compromisso», «merece», «confiança» para «todos», «juntos», apelos de «acorda», de «mais», promessas de «estradas», «feiras», «hospitais», «trabalho», aclamações de «bem-vindo», … afastando a pedagogia política e a filosofia ideologica da consciência e razão colectivas. Nessas mensagens e noutras, a que chamam «programas», não se reflecte uma visão clara e projectiva para os espaços locais. Por isso as pessoas se sentem fora desta peça sem substância político-educativa. O distrito de Setúbal regista as mais altas abstenções de Portugal, ocupando o concelho de Palmela o 2º lugar na abstenção com 61,49%, numa situação que, parece, agrada a muitos concorrentes&autarcas satisfeitos por serem eleitos com menos de 20% do eleitorado (‘DRegião’:31/7/17). Sem ideologia, ideias e ideais nos debates e antes, nas festas e inaugurações, – (ópio do povo na partidocracia) -, os partidários são bastante cordiais. Não discutem política! Eles não querem cidadãos políticos! Lembram-se do aeroporto e do montado, no concelho de Palmela e limitrofes? Unanimidade de silêncios! E o «Arco» de Pinhal Novo? Que consequências ou ilações a tirar antes do seu desmantelamento até hoje? E a Vala da Salgueirinha, uma obra de que já se recolhem louros? (‘DR’ 29/8/17) Porquê 40 anos? Que ilações e responsabilidades a tirar relativamente aos poderes políticos da autarquia e das oposições, como na destruição/arruamento do Pinhal da Salgueirinha? É natural que o «ambiente relacional» entre os homens do sistema, seja «muito bom» (‘DR’). Eles fazem partidocracia e aliam-se ou silenciam-se como no caso da urbanização do Terrim/Francisquinho. Há uma «Genealogia de Poder» (‘JPN’) no espectro administrativo&partidário, há interesses pessoais e personais que se tornam afins nesses ambientes onde o debate político-crítico está ausente mergulhando o povo num analfabetismo sócio-político que nos afasta de uma sociedade livre e criativa, saudável, igualitária, progressista e supraindividual. São os maus exemplos do aeroporto de Rio Frio, da própria Vala da Salgueirinha, da Torre da CP, da sede do CDPinhalnovense e túnel, do modelo urbano, do território rural, etc. «Você fala de mais», diz um líder distrital da oposição a um seu eleito, no concelho de Palmela! No Pinhal Novo/Palmela gostaria que se discutissem ideais em torno da abstenção, das inaugurações e suas placas, das medalhas camarárias deste pós-fascismo, da floresta, Pinhal da Salgueirinha e Vale Sanceiro, da Lagoa do Monte Velho a sofrer alterações, da Fonte da Vaca/Carregueira limite verde para a vila, do apoio à variante, da urbanização do Francisquinho, da Água e nossos lençóis freáticos (Palmela tem falta de água? – cf. ‘DR’), da Herdade e montado de Rio Frio, sua defesa e classificação eco-patrimonial, da manutenção das valas e charcos e de uma região pinhalnovense ecologicamente trabalhada e potenciada para as gerações futuras, da falha sismica de Pinhal Novo, de um Centro Cultural… de uma ideia de Pinhal Novo tendo em conta o seu potencial territorial associado aos cidadãos, entrando pelos ideários ideológicos da preservação, saúde, educação-responsabilidade-convivência, valorização eco-ambiental e não na ladainha que mobiliza uns quantos militantes do voto. As comunidades estão despersonalizadas, por ausência de uma educação política colectiva e as coisas começam a deixar de ser inteligiveis: Lagoa do Monte Velho? Ecologia, em Pinhal Novo?; muito do que mencionámos é desconhecido. A Política devia ter feito destes exemplos algo inteligível e progressista para a vida comunitária. Não chega só o vinho, as sopas e fogaças (re)fundando uma «cultura»(?) festiva. Faz falta uma cultura e política, como ideal consciente, enquanto disciplina e pedagogia abrangente das coisas das sociedades locais, potenciando cada pessoa. Não vale a pena peribolar pelos aparelhos partidários e administrações autárquicas, separando e não agregando, secando a raiz cultural-criativa dos colectivos, a troco da subserviência, tentação-táctica aceite por algumas administrações eleitas em seus jogos de interesses, dando exclusividade a seus apaniguados. Interessa superar esta situação, desta relação voto-partidos-poder! Interessa pensar numa Assembleia do Povo, onde se consubstancie a democracia directa. Os partidos interessam à democracia (Melo Antunes): Sim! A partidocracia exclusiva: Não!