9 Agosto 2024, Sexta-feira

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É preciso, é urgente, evitar o caos

É preciso, é urgente, evitar o caos

É preciso, é urgente, evitar o caos

10 Novembro 2020, Terça-feira
Francisco Cantanhede

Vejo uma multidão na Nazaré; leio que as autoridades foram alertadas para uma festa clandestina com centenas de pessoas; vejo na televisão uma manifestação no Rossio, em Lisboa, com centenas de negacionistas, incluindo dirigentes do Chega, que exigem o fim das medidas que têm em vista evitar a propagação do covid19; ouço dirigentes políticos, exaltados, a criticar fortemente o Governo, nomeadamente, os responsáveis pela saúde. Como deve ser difícil, mesmo doloroso, tomar decisões hoje, sabendo-se que as mesmas podem estar ultrapassadas já amanhã. Fala-se nos milhões de dinheiros públicos investidos no BES, em mais milhões enviados para a TAP e na falta de investimentos na saúde. Sim, o esbanjamento de dinheiros públicos é uma realidade e a saúde nem sempre foi bem tratada, mas…

É a hora de união de todas as forças políticas democráticas, de todos os Portugueses, no combate à pandemia. Vivemos num cenário de guerra contra um minúsculo, mas poderosíssimo inimigo; todos devemos/teremos de estar do mesmo lado da barricada. Quando se recuperar alguma normalidade, então, exija-se ao Governo ação na melhoria dos serviços de saúde; ação contra a corrupção, contra o nepotismo que, tal como o vírus, são difíceis de derrotar. Criticar as instituições neste momento é enfraquecer a democracia. Vivemos um cenário de catástrofe que parece caminhar para o caos, para a desordem. É esse caos, essa desordem, que as forças antidemocráticas desejam, como demonstrou a manifestação do Rossio. Pretendem aproveitar-se do sofrimento, da morte, para alcançarem os objetivos políticos.

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As curvas de doentes internados, do número de mortes, de doentes nos cuidados intensivos não param de subir- nunca houve tantos doentes hospitalizados no nosso país- o que demonstra que os negacionistas estão errados. Exigem-se mais enfermeiros e médicos. Pergunto: onde se vão buscar, se a catástrofe é mundial? Num cenário como o atual, seria de apelar aos reformados da área da saúde para que regressem aos hospitais. Exigem-se mais recursos financeiros para a saúde. Mas já foram gastos milhões e milhões sem se conseguir parar a propagação da doença. O que o Governo não pode deixar de garantir são os recursos indispensáveis às funções médicas, como medicamentos e fatos de proteção. Será que eles existem em todos os hospitais?

Sim, caro leitor, sabemos que a corrupção- que tem sido transversal aos partidos da área governamental- levou milhões que agora seriam muito úteis, mas é a hora de união contra o inimigo comum, que tanto ataca pessoas honesta como corruptos.

A manter-se a situação atual em que quase todas as forças políticas procuram tirar dividendos eleitorais da catástrofe, de irresponsabilidade de parte da população, o caos é inevitável! Os profissionais de saúde- cada vez menos, por exaustão, doença ou morte – serão confrontados com uma realidade jamais vivida em Portugal: impossibilitados de tratar todos os doentes, terão de optar entre quem vive e quem morre. Talvez, só então, muitos reconheçam os erros que cometeram; será tarde!

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Evitar o caos não é responsabilidade apenas dos governantes e dos profissionais de saúde; é responsabilidade coletiva. Se cada um de nós fizer a sua parte, cada um dos futuros doentes terá acesso aos cuidados médicos indispensáveis. Se as concentrações, festas, ajuntamentos, manifestações de negacionistas continuarem, milhares e milhares de portugueses morrerão, quando podiam/deviam continuar a viver. E, caro leitor, nesses mortos poderão estar os nossos familiares, os nossos amigos, nós próprios.

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