Debates autárquicos (1.ª fase): um balanço

Debates autárquicos (1.ª fase): um balanço

Debates autárquicos (1.ª fase): um balanço

31 Julho 2017, Segunda-feira
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Caro leitor, finda a 1.ª fase dos debates (de Julho, a 2.ª será em Setembro) nos 13 concelhos do distrito (organização do Diário da Região, Rádio Popular FM, Rádio Sines, Agência de Notícias ADN, Setúbal Revista e Instituto Politécnico), eis a minha opinião.
Assisti presencialmente a todos (Palmela, Montijo, Moita, Alcochete e Barreiro) para sentir o ambiente e os avaliar com rigor, e, de algum modo, avaliar o estado da democracia autárquica no distrito, que teve, desde sempre, as mais altas taxas de abstenção do país. Não é só no IMI que somos, desde sempre, o pior distrito: é também na participação cívica eleitoral.
Em 2013 só o concelho de Grândola teve abstenção abaixo de 40% (34,87%). Em A. do Sal, 40,33%, Sines, 43,36%, Alcochete, 48,22%, S. do Cacém, 48,65%, Barreiro, 54,52%, Moita, 59,65%, Montijo, 60,00%, Almada, 60,47%, Seixal, 61,14%, Setúbal, 61,27%, Palmela, 61,49% e Sesimbra, 62,23%. Autarcas e partidos deviam ter-se mobilizado fortemente contra isto. (É curioso os concelhos mais rurais, na vox populi «atrasados», terem as taxas de abstenção mais baixas).
Estas taxas põem em risco a democracia e, lembrando a História, sempre que a democracia ficou fraca nada de bom se seguiu.
Mas a muitos autarcas parece que lhes chega serem eleitos, mesmo com percentagens inferiores a 20% do eleitorado, que o milagre de São Método de Hondt transforma em «robustas» maiorias absolutas.
Esta triste realidade valoriza a meritória iniciativa dos organizadores dos debates, com um formato mais favorável à participação cidadã do que em 2013, tendo enchido todas as salas (excepto em Palmela).
Antes de mais, esclareço as almas inquietas de que não sou nem serei candidato autárquico. Basta-me participar civicamente pelas formas legítimas existentes, pois queixosos que nada fazem, além de criticar tudo e todos à mesa do café, é o que há mais: a alta abstenção prova-o.
Analisei os debates globalmente nos itens que acho importantes, evitando a luta eleitoral e beneficiar, directa ou indirectamente, algum candidato. A análise pode ser demasiado genérica, mas, ainda assim, contribuirá para esclarecer os munícipes.
Propostas dos candidatos: houve algumas muito oportunas e válidas por parte de alguns candidatos, mas também uma grande diferença na qualidade global dos debates. Eis a minha lista do melhor ao mais fraco: Montijo; Barreiro; Alcochete; Moita e Palmela.
Esclarecimento após os debates: independentemente do grau de qualidade de cada debate, permitiram um bom esclarecimento dos munícipes.
Ambiente relacional entre os candidatos: foi, em geral, muito bom, as pequenas «farpas», directas ou indirectas, nunca passaram os limites aceitáveis.
Perguntas do público: foram muito claras, concretas e sérias (com poucas excepções), reflectindo, a maioria delas, as preocupações, anseios e necessidades básicas dos munícipes (o que confirma o crescente desinteresse dos municípios na satisfação do essencial em favor do acessório).
Respostas às perguntas: houve da parte dos candidatos um esforço genuíno para esclarecer os munícipes.
Comportamento do público: foi do óptimo ─ na Moita nem houve palmas ─ ao muito mau: Eis a minha lista do mais cordato ao menos cívico: Moita; Alcochete; Montijo; Palmela e Barreiro (neste comentava-se, falava-se ao telemóvel, saia-se e entrava-se na sala, impedia-se ou outros de ouvir. E a «sala de visitas» do Barreiro não tinha Internet para a transmissão vídeo: elucidativo sobre o conceito de liberdade de expressão para algumas pessoas).
Desempenho dos moderadores e repórter: regras claras, isenção e gestão eficaz das intervenções dos candidatos. A repórter geriu a participação do público com eficácia, sobriedade e simpatia.
Os debates são um verdadeiro serviço público para as comunidades locais, é pena que muitos munícipes não os acompanhem, ao menos online (em www.autarquicas.media); ficarão muito mais esclarecidos sobre o que se fez nos mandatos anteriores ─ e o que ficou por fazer ─ e ainda sobre as propostas para o futuro: só com conhecimento de causa se vota em liberdade.

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