Da TST e Alsa Todi à Carris Metropolitana: de mal a pior

Da TST e Alsa Todi à Carris Metropolitana: de mal a pior

Da TST e Alsa Todi à Carris Metropolitana: de mal a pior

19 Setembro 2022, Segunda-feira
Joana Mortágua

Passados quase 110 dias desde o início da operação da Carris Metropolitana em alguns concelhos da margem sul, a espera pela melhoria do serviço não tem passado disso e agora transforma-se em pura fé por parte dos vários Presidentes de Câmara da Àrea Metropolitana de Lisboa de que os problemas se resolvam por mágica no início do ano letivo. E os utentes? Esses esperam em longas filas nas paragens de autocarro.

Se antes faltavam lugares nos autocarros para Lisboa, hoje muitos passam o rio quase vazios. É claro o resultado da Carris Metropolitana: a população está a perder a confiança em transportes públicos erráticos, falíveis e imprevisíveis.

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Em Almada, a desilusão tomou conta do anúncio de uma “revolução” nos transportes rodoviários. Depois de meses em que definição das novas linhas e frequências se manteve em segredo, o projeto foi lançado de forma parcial, sem informação e perante um total desconhecimento da população e até dos autarcas.

 

A operação iniciou-se a 1 de julho tendo como concessionária a mesma empresa, a TST. O caos instalou-se: carreiras cheias, falta de horários de manhã e à noite, supressão de carreiras fundamentais, isolamento de comunidades, supressão de destinos em Lisboa que obrigam a transbordos e deslocações mais longas, falta de informação sobre horários e trajetos, a falta de coordenação com outros meios de transporte públicos.

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A supressão de carreiras e horários impede a deslocação para casa e para o trabalho de milhares de municípes. Trata-se de um recolher obrigatório inaceitável. Chegado o início das aulas, nenhuma garantia é dada sobre os transportes escolares.

Os exemplos repetem-se com a concessionária do lote de Setúbal, a Alsa Todi.  A população da margem sul tem sido incansável na vocalização das suas queixas à Carris Metropolitana. O protesto cívico permanente mantém viva a exigência urgente de melhorar os serviços de mobilidade rodoviária.

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A população não se pode dar ao luxo de não se mobilizar. Necessitam mesmo do autocarro para o trabalho, para a escola, para ir assistir a avó, para ir ver o espetáculo, para a consulta…

A TML assinou protocolos com as aplicações Moovit e Mapas da Google, através das quais, eventualmente, os utentes saberão, em tempo real, onde anda o autocarro. Permite também terem conhecimento de constrangimentos no serviço, algo bastante mais útil, já que pouco adianta acompanhar um autocarro que nunca saiu da primeira estação.

Por enquanto, podem usar as aplicações para ver os – supostos – horários. Contudo, este é o único passo cumprido para a prometida digitalização dos transportes.

Continua a faltar a implementação do pagamento com o cartão bancário, a aplicação para substituir o passe físico. Falta até o GPS para acompanhar em direito os autocarros, um fator essencial para verificar o cumprimento dos serviços, sem o qual a TML já admitiu não conseguir avaliar a prestação do contrato pelas empresas. Até agora, os únicos indicadores do desempenho da operação são as denúncias dos utentes, que reprovam quase unanimemente todo o processo.

Os TST e a Alsa Todi deram garantias que a operação seria cumprida rigorosamente logo a partir das datas anunciadas, mesmo sabendo que não tinham motoristas suficientes para realizar todo o mapa de serviço apresentado.

É urgente retirar consequências políticas e jurídicas junto das empresas rodoviárias, cujos incumprimentos já significaram despedimentos e sanções a trabalhadores que faltam ou chegam atrasados aos seus trabalhos.

O Bloco de Esquerda avisou: a coordenação intermunicipal dos transportes é importante, mas concessionar o serviço aos mesmos de sempre não resolve nada.

A verdade é que pouco mudou. Aliás, piorou, e a margem sul continua à mercê de empresas privadas. O direito à mobilidade? Essa ainda está na fila, à espera do autocarro que não vai passar.

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