Esta não é a primeira vez que abordo esta questão – e certamente não será a última! – , mas aproximando-se o Dia Internacional da Mulher que, curiosamente, é antecedido pelo Dia de Luto Nacional pelas Vítimas de Violência Doméstica, instituído em 2019, não poderia deixar de aproveitar a data.
Debater e defender o feminismo é necessário! Na verdade, falar de feminismo é falar de uma evolução integral do que é ser Humano, é um abandonar da ditadura de género em que ainda vivemos, embora exista uma larga franja da sociedade que não o entende. Talvez por isso, e apesar do discurso feminista que vai ganhando algum peso, urge continuar a apostar num esclarecimento do que é o feminismo; creio mesmo que muita gente ainda não o sabe, mas esta é uma ideologia que advoga a defesa dos direitos das mulheres, com base no príncipio da igualdade e da não discriminação assente no género.
Embora nos últimos anos se tenha assistido a uma evolução no sentido de transformar a sociedade patriarcal em que ainda vivemos numa outra mais igualitária e justa, muito trabalho há ainda por fazer, daí a importância de continuar a sensibilizar e a esclarecer. São ainda muitas as barreiras, visíveis e invisíveis, que as mulheres enfrentam para alcançar a igualdade, nomeadamente ser alvo fácil de todo o tipo de violência. Marco importantíssimo foi, sem dúvida, a Convenção do Conselho da Europa para a Prevenção e o Combate à Violência contra as Mulheres e a Violência Doméstica, vulgo Convenção de Istambul, assinada em 2011. No seu preâmbulo, entre outras considerações, há o reconhecimento “que mulheres e raparigas estão muitas vezes expostas a formas graves de violência, tais como a violência doméstica, o assédio sexual, a violação, o casamento forçado, os chamados «crimes de honra» e a mutilação genital, os quais constituem uma violação grave dos direitos humanos”, além de obstáculos “importante [s]” à igualdade entre géneros. Destaco ainda a constatação de que a violência para com as mulheres é “uma manifestação das relações de poder historicamente desiguais (…) que conduziram à dominação e discriminação contra as mulheres pelos homens, o que as impediu de progredirem plenamente”.
Mas lamentavelmente a dominação e a discriminação parecem longe de ter fim. Em Março do ano passado foi divulgado o Índice de Normas Sociais e de Género, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Durante nove anos, repartidos em dois períodos (2005-2009 a 2010-2014), o estudo analisou dados de 75 países, correspondendo a 80% da população mundial, e avança que 28% dos inquiridos consideraram aceitável que um homem exerça violência física numa mulher! Com a agravante que, neste cenário, há ainda a considerar o papel que muitas mulheres assumem em relação a si mesmas: segundo este índice, o número de mulheres com preconceitos contra mulheres subiu de 57% para 60%. De uma forma geral, conclui-se ainda que 91% dos homens e 86% das mulheres mostram pelo menos um preconceito contra a igualdade de género em áreas tão diversas como o acesso ao trabalho, a política, economia, educação e direitos reprodutivos das mulheres…
Assim se vê como importa continuar a trazer o feminismo para o debate! Ser feminista é acreditar e defender a igualdade entre Mulheres e Homens, tão apenas isto!