Da Baixa de Setúbal às Colinas de Lisboa

Da Baixa de Setúbal às Colinas de Lisboa

Da Baixa de Setúbal às Colinas de Lisboa

25 Agosto 2020, Terça-feira
Valdemar Lopes Santos

Nesta retoma começamos por situar a Capricho Setubalense, porque da Baixa da cidade temos em mente calcorrear até às altas Colinas de Lisboa: foi efectivamente a 13 de Março de 1998 que o PCP assinalou em Setúbal o 150º aniversário da primeira edição do «Manifesto do Partido Comunista», de Karl Marx e Friedrich Engels.

Convidado a tempo para a sessão pública, José Barata-Moura, militante comunista, filósofo e catedrático da Faculdade de Letras de Lisboa, lamentou estar impossibilitado de participar naquela data por um conjunto de compromissos inadiáveis (e seus efeitos imediatos…), acabando por se deslocar a capital sadina Manuel Gusmão, homem de atributos em grande parte coincidentes (ambos poetas) com os de Barata-Moura, para além de ser, como se sabia, membro do Comité Central do PCP.

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Dez anos passados, aquele que também foi cantor de intervenção antes e depois do 25 de Abril, cumpriu a vinda a Setúbal (havia promessa), num momento que considerámos oportuno «esclarecer» o motivo da sua «retenção» quando tanto o queríamos na Capricho: enfrentando e vencendo uma lista da simpatia de Mário Soares que, assim se disse na altura, na matéria não se terá cansado de meter o bedelho, fora eleito Reitor da Universidade Clássica exactamente no dia que antecedeu a vinda de Gusmão (exultante).

Foi sua opção «arrancar» pelas palavras com que abre «O Manifesto»: «Anda um espectro pela Europa – o espectro do Comunismo. Todos os poderes da velha Europa se aliaram para uma santa caçada a este espectro, o papa e o tzar, Metternich e Guizot, radicais franceses e polícias alemães» (Edições Avante!, 1997). Fosse apenas um recitador, terminaria assim: «Proletários de todos os países, uni-vos!». E quem sabe se não faltou alguém agitando a banda desenhada da Nouvelle Critique retratando Marx a falar com um operário: «Há muitos 1848 na História…»

Tanto número redondo tem cunho do Avante! deste 20 de Agosto ultimo: é que a primeira Festa na Atalaia (Amora/Seixal, «chão nosso») foi exactamente há 30 anos, e agora, marcada para 4, 5 e 6 de Setembro, já no esteio do… Centenário do Partido Comunista Português. Longa duração, era aqui queríamos chegar, e chegar de facto às Colinas lisboetas: a 27, é na Voz do Operário que terá lugar o II Centenário do Nascimento de Friedrich Engels, com o objectivo de «destacar o seu contributo para a definição de uma linha política e ideológica revolucionária, ao serviço da classe operária e dos povos do mundo, tendo em vista a construção da sociedade socialista». Assume o nome do jornal dos operários tabaqueiros, que eram milhares, fundado a 11 de Outubro de 1879, e teve papel destacado na luta pela República e contra a ditadura fascista, lendo-se no grande Salão, bem alto porque acima da entrada em arco, «TRABALHADORES UNI-VOS».

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