O CDS que já foi o partido do táxi, provavelmente, será o partido da lambreta, da bicicleta, ou de coisa nenhuma. Este partido, que foi um dos fundadores da nossa democracia e alegado representante da doutrina social da Igreja, pode ser vítima do equívoco político deste sistema multipartidário. E, pura e simplesmente, extinguir-se.
O problema do CDS, ao contrário do que se possa pensar, devido à atual luta de galos pela sua liderança e depois da curta permanência de Assunção Cristas, não tem a ver com a maior ou menor capacidade do seu atual presidente, Francisco Rodrigues dos Santos. Tem a ver sim, com o equívoco político que representam os três tradicionais partidos do chamado arco do poder; PS, PSD e CDS. Tem também a ver com o aparecimento de novos partidos de direita; Iniciativa Liberal, Livre e, nomeadamente, o Chega de extrema direita, de André Ventura.
O equívoco político, é que nenhum destes três partidos representam as ideologias que dizem representar; o socialismo, a social-democracia e a democracia cristã. Estão subordinados ao capitalismo. Nomeadamente, o que menos deveria estar; o PS. Esse é que é o grande equivoco e o drama dos nossos dias. Não só em Portugal, evidentemente. Os trabalhadores, os reformados, os desempregados, as pessoas de uma maneira quase geral, os povos, estão desiludidos. As assimetrias sociais acentuam-se. Os ricos estão cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. Além disso, o sistema capitalista, visa essencialmente o lucro. Não olhando a meios para o conseguir. Os recursos naturais vão-se esgotando e os desequilíbrios ambientais, a poluição da terra, dos rios e dos mares, dá origem às tão nefastas alterações climáticas.
Perante tudo isto, surgem então novos partidos, mas não partidos novos. Ou seja, com a mesma prática dos anteriores. E, pior que isso, surgem os demagogos, os populistas e os que, dizendo-se anti-sistema, o que pretendem no fundo, é impor métodos prepotentes e antidemocráticos, de má memória. No século passado, conduziram a duas devastadoras guerras mundiais e coisas tão hediondas como o holocausto. Procuram dividir para reinar. São contra as minorias étnicas, contra os emigrantes, contra os que são efetivamente anti-sistema.
Apesar da tão prodigiosa evolução tecnocientífica e da globalização que poderiam ser um bem para toda a humanidade, são apenas para uma minoria.
Portugal, a Europa, o mundo, vivem dias sombrios. Mais negros ainda, por causa da pandemia que veio expor mais as chagas da desigualdade e da injustiça, do capitalismo.
Que fazer? Esperar confinados em casa que a crise passe? Claro que agora temos de estar confinados. Mas não eternamente! Com os devidos cuidados, temos de sair e fazer o essencial. Temos de confiar em quem nos trata, na ciência, confiar em nós próprios e em todos aqueles que querem sacudir de vez os vírus. Da doença, da fome, da injustiça. E há cura para isso! Para além dos fármacos e das vacinas, há a política. Mas sem equívocos!