Nos últimos dias Israel matou pessoas na Palestina, no Líbano e na Síria. Como castigo, a União Europeia e os Estados Unidos da América vão enviar-lhes mais armas e mais dinheiro, sob pretexto de Israel estar apenas a defender-se. Está firme a cumplicidade com o genocídio, mas a solidariedade internacional cresce e o projeto sionista está a ruir.
No passado dia 17 de setembro, os serviços secretos israelitas lançaram uma operação de terror em massa no Líbano, com a explosão indiscriminada de pagers e outros dispositivos que mataram mais de 40 pessoas, entre eles dirigentes do Hezbollah, e feriram mais de 3.500. A escalada seguiu com violentos bombardeamentos em Beirut e uma invasão terrestre no sul do país, onde a chamada “linha azul” é garantida por capacetes azuis da ONU.
“Qualquer passagem para o Líbano constitui uma violação da soberania libanesa e da integridade territorial, bem como uma violação das resoluções da ONU“, afirmaram os ‘capacetes azuis’ em comunicado. Ainda assim, Israel prosseguiu com o caminho da guerra total, desencadeando uma massiva deslocação forçada de civis e mais de mil mortos até ao momento em que estas linhas são escritas.
O avanço de Israel sobre o Líbano por terra constitui um plano de Netanyahu para incendiar o Médio Oriente em proveito político próprio. Não se trata de resgatar reféns – como a própria população israelita reconhece – nem de defender um dos países mais armados do mundo. É uma invasão – palavra tão fácil de proferir, e bem, quando se fala da Rússia, mas que a diplomacia internacional teima em esquecer quando se fala de Israel. Temendo a derrota de Trump, Netanyahu quer arrastar o Médio Oriente para a guerra e assim influenciar as eleições norte-americanas. É preciso não esquecer que tudo isto faz parte do plano sionista de expansão, mas depende do dinheiro e das armas dos EUA. A prova de que nada deste terror tem a ver com a defesa da democracia é que o maior medo de Israel é que uma vitória democrata desvie recursos financeiros para a Ucrânia. Putin agradece.
O mundo e aquela região em particular já viveram guerras suficientes para saber que não se combate o terrorismo com massacres hediondos de populações civis. Sucessivas invasões por parte de “potências ocidentais” com justificações mais ou menos bondosas como aquelas que Israel agora invoca acabaram sempre em desastres humanitários, crescimento do radicalismo político e religioso, militarização e derrota. O Iraque, o Afeganistão, a Palestina e o próprio Líbano estão aí para o provar.
O alargamento da violência no Médio Oriente tem de ser uma preocupação maior de todos nós. Cabe-nos rejeitar uma guerra EUA-Israel contra o Líbano e o Irão, exigir o cessar-fogo, assim como o boicote e sanções e embargos a Israel.
Em Portugal, Paulo Rangel mentiu sobre a bandeira portuguesa no navio Kathrin que transporta material explosivo com destino a Israel. A mobilização da sociedade portuguesa e a ação do Bloco de Esquerda obrigaram-no a reconhecer a verdade e a atuar. O navio já pediu para retirar a bandeira português e assim Rangel teve de reconhecer o genocídio e o risco de cumplicidade que há no transporte de material militar por entidades sob jurisdição portuguesa. Esta vitória do movimento de solidariedade não para o genocídio, mas mostra que vale a pena lutar. Resta saber se o Governo será mais expedito em condenar Israel por ter declarado António Guterres “persona non grata”.
A população mundial não está do lado do genocida. Israel está em descrédito internacional, em crise política e em direção ao desastre. Hoje, mais do que nunca, solidariedade com a resistência anticolonial palestiniana