O título deste artigo, remete para a evocação de uma banda “punk rock” que no início da década de 90 obteve bastante sucesso em Portugal. Liderados pelo infelizmente já desaparecido, João Ribas, os concertos eram marcados sempre por uma toada frenética de decibéis bastante elevados, vozes esganiçadas e atitudes rebeldes de mau rapaz, com letras sempre críticas da sociedade em geral onde tudo, mesmo tudo estava sempre mal.
O Chega apresentou uma Moção de Censura que em tudo fez lembrar não só esta, mas todas as bandas Punk que desde a década de 70 fazem o deleite de quem se identifica com a postura, o género musical e o modo de vida deste movimento cultural e artístico.
André Ventura, adotando uma postura de Johnny Rotten, incontornável vocalista dos Sex Pistols, aparece igual a ele próprio: grita, esbraceja, indigna-se, vocifera, enerva-se, em tudo similar a um concerto do estilo que acabei de descrever. Salva-se (até ver), o decoro na apresentação, pois não seria correto para além da postura, copiar também o visual adotado por estas bandas. A Assembleia da República, casa da democracia, é um espaço do debate livre de ideias, mas há um mínimo a cumprir no que respeita à apresentação das senhoras e dos senhores Deputados por respeito ao local em que se encontram a exercer a sua atividade política.
Em bom rigor, a utilização desta proposta parlamentar obedece a um conjunto de critérios e regras que não se encontra em nenhum dos pressupostos utilizados pelos proponentes desta moção de censura. O objetivo, percebe-se muito bem: é permitir ao líder desse partido político, debater diretamente com o primeiro-ministro, mas, como se previa, correu-lhe muito mal, porque é demasiado evidente que o Chega é um partido de protesto, porque não tem propostas, porque não responde às necessidades dos portugueses, porque usa argumentos populistas, porque muitas vezes falta à verdade e porque pretende apenas causar confusão, dúvida e incerteza.
Esta é aliás, a fórmula utilizada pelos diversos partidos de extrema-direita em toda a Europa, e por isso, não surpreende.
Está em causa a banalização deste importantíssimo instrumento parlamentar, que ficará como mais um triste episódio protagonizado pelos mesmos de sempre e que, apenas teve acolhimento favorável da Iniciativa Liberal, que agora mostra a sua verdadeira face e ao que vem.
Sai ainda mal na fotografia o PSD, que teve a oportunidade de definitivamente se demarcar das posições absurdas da extrema-direita, mas que optou por uma abstenção que nem concorda nem discorda.
O Partido Socialista continua o seu caminho de proximidade, respondendo às reais necessidades das populações e contruindo de forma sustentável os alicerces de um país cada vez mais desenvolvido e progressista, de contas certas onde ninguém fica para trás.
Quem queria censurar acabou assim, naturalmente, censurado!