“Quem salva uma vida, salva o mundo inteiro” – Talmude
Uma das mais nobres actividades humanas nas nossas sociedades é a dos Bombeiros. Também apelidados de Soldados da Paz, desempenham uma acção corajosa, perigosa e determinada, nomeadamente contra o fogo, esse agente tão temido e que tantas vidas inocentes tem ceifado, ao longo dos anos.
Neste verão de 2023 tivemos mais incêndios, um pouco por todo o lado, na esmagadora maioria perpetrados através de mão criminosa. Grécia, Itália, Espanha, Canadá, etc. Um horror.
Hoje vamos centrar-nos na figura do Bombeiro. A primeira e mais importante pergunta que se deve fazer é a seguinte: o que faz correr esta gente, que arrisca a vida diariamente, muitas vezes auferindo valores pecuniários e em condições operacionais e logísticas muito aquém daquilo que seriam desejáveis e expectáveis?
A resposta é muito simples: são pessoas com um enorme coração, uma dimensão pessoal que ultrapassa os limites na normal humanidade.
São, portanto, pessoas especiais sempre prontas a ajudar o próximo, seja em que circunstância for. São fortes, corajosos, destemidos, possuindo uma Alma do tamanho do Mundo.
Muitas vezes esquecemo-nos de lhes dizer um simples Obrigado. Mas isso não os impede de continuar a trabalhar,
continuando a salvar vidas onde quer que seja.
São merecedores do nosso respeito, carinho, admiração e apoio.
Quando um Bombeiro entra em qualquer lugar, o espírito dos restantes pessoas eleva-se através da força que constitui o seu magnífico exemplo.
Nunca mais me esqueço do terremoto de Amatricia, em Itália, em 2016. Eu estava em Itália e nunca mais me esqueci deles; aí estavam eles, os Vigili del Fuoco sempre na primeira linha de apoio às vítimas, remoção de escombros e de sobreviventes, tal como uma menina de dez anos, que foi resgatada dos escombros, 17 horas após o terremoto. Os Vigili del Fuoco foram logo os primeiros a bater palmas de contentamento, assim que a conseguiram tirar daquele amontoado de pedras.
É para isso que lá estão e o que os motiva: salvar vidas.
Um dia, conversando com uma Bombeiro, ela disse uma frase que eu nunca esqueci: se o Inferno existe, então o Bombeiro já lá esteve. Os fogos são o que mais se aproxima dessa alegoria.
Quando temos conhecimento que normalmente a área mais ardida da União Europeia é em Portugal, ficamos perplexos e indignados.
Sabendo-se que grande parte dos fogos é perpetrado por mão criminosa, entendo que, quem pega fogo à floresta, quer individualmente, quer obedecendo a uma lógica perversa de negociata, com terrenos e madeira à mistura, deve ser punido através de prisão efectiva, com serviço cívico diário que consiste em limpar as matas e plantar árvores, durante o todo o cumprimento da respectiva pena.
Contudo, ser bombeiro é muito mais que apagar fogos. São os primeiros a chegar quando se verificam incidentes domésticos, rodoviários, ferroviários, aéreos, transporte de órgãos, de doentes, etc.
Uma das ocorrências marcantes, deu-se no 11 de Setembro de 2001, com a queda das Torres Gémeas, onde os bombeiros desempenharam um papel determinante, a custo das próprias vidas.
Para esse efeito, recomendo vivamente o filme “Word Trade Center” de Oliver Stone, com Nicolas Cage, datado de 2006, onde a sua importância é perfeitamente notória e evidente.
Os bombeiros são, portanto, fulcrais nas nossas sociedades.
Quanto à questão da retirada dos subsídios aos Bombeiros Sapadores de Setúbal, não só manifesto explicitamente a minha discordância e preocupação com esse procedimento, como também não compreendo, não aceito e lamento profundamente as agressões ocorridas entre bombeiros, bem como os insultos proferidos contra o presidente da Câmara, André Martins.
Os Soldados da Paz devem ser sempre muito mais que isso.
Como em todas as situações de conflitualidade, deve existir sempre um imperativo da prevalência do bom senso, evitando extremar posições, procurando chegar a consensos.
E, portanto, relativamente a todos os Bombeiros Portugueses, parece-me importante referir que nunca lhes seremos suficientemente gratos por tudo aquilo que fizeram, que fazem e que continuarão a fazer, para bem de todos.