Boa energia

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2 Maio 2023, Terça-feira
Deputado à Assembleia da República

Tive oportunidade de, nos últimos dias, participar em Estocolmo, e no âmbito da Presidência Sueca da União Europeia, numa conferencia dedicada aos desafios e oportunidades para o futuro aprovisionamento energético da União Europeia.

Ao longo das décadas, e em especial depois da II Grande Guerra, a Rússia assumiu o papel de fornecedor privilegiado de energias fósseis aos países Bálticos e do Leste da Europa. Foi assim com o petróleo e também com o gás natural e com o carvão.

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Essa relação de dependência energética nunca foi encarada como uma fragilidade na soberania de cada um desses países da União Europeia que, talvez por isso, não assumiram a urgência de alternativas ao seu principal fornecedor de energia primária.

Hoje não é assim. O combate às alterações climáticas e a guerra na Ucrânia, bem como a necessidade de os regimes democráticos reagirem com firmeza à dependência energética e ao consequente pagamento de avultados recursos financeiros a um Estado agressor, levou a que o tema das interligações de energia – de gás natural e de eletricidade – voltasse a ser revisitado por todos.

Essa é a primeira noticia que partilho, a de que há claramente na Europa, e de uma forma forte, um alinhamento claro com os objetivos que Portugal e Espanha, têm vindo a defender desde, pelo menos 2014, no que se refere ao forte incremento às energias renováveis e às interligações. Esse alinhamento conta hoje, de uma forma assumida, com o empenho da Comissão Europeia.

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Com efeito, o Plano REPowerEu da União Europeia, é um pacote de medidas que visa “poupar energia, diversificar o aprisionamento, substituir rapidamente os combustíveis fósseis ao acelerar a transição da Europa para as energias limpas e ainda combinar de forma inteligente os investimentos e as reformas”.  Nesse quadro, as interligações de energia que possibilitam que todos os países possam exportar ou importar energia, em função das suas necessidades ou dos preços mais baixos praticados são uma boa noticia que se sublinha.

Este é o nosso desígnio. Um país que desconhece – e várias vezes não quis conhecer- a existência de recursos fósseis e que apostou (e bem) nas energias renováveis, não pode ficar refém da inexistência de interligações de energia que, não só nos inibem de vender a nossa produção como de a comprar, a preços mais baixos.

A aposta num país interligado, cujo mix energético renovável é bastante variado: o nosso país começou por desenvolver a sua capacidade hidroelétrica em meados no século XX para depois nos anos 90, e início do seculo XXI, iniciar um forte programa de produção de energia eólica e nos anos atuais recupera o nosso atraso na produção elétrica com base na energia solar, é um país de forte potencial e resultados nas renováveis.

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Sines, e o seu potencial logístico e estratégico, fazem parte da solução portuguesa e europeia, quer pela sua grande capacidade de interligação quer pelos investimentos renováveis que têm ocorrido – e estão a ocorrer.

Partilho, por isso, com os leitores, o sentimento de progresso nesta área tão importante.

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