27 Julho 2024, Sábado

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Ave, os (não) medalhados, te saúdam – Ave, Qui Insignia (Non) Habent, Te Salutant…!

Ave, os (não) medalhados, te saúdam – Ave, Qui Insignia (Non) Habent, Te Salutant…!

Ave, os (não) medalhados, te saúdam – Ave, Qui Insignia (Non) Habent, Te Salutant…!

28 Agosto 2020, Sexta-feira
Libório Gonçalves

Acabo de ler a lista de nomes a quem vão ser atribuídas medalhas da cidade em 2020. Mais de cem…

Estou já a imaginar a minha próxima conversa na Barbearia Bocage com o Sérgio e com o Mário (abraço para eles)… vou pedir lhes uma foto do dia, de fato novo e gravata, junto à estátua de Bocage e na varanda dos Paços do Concelho…. vai ser histórico… e depois poder apreciar a medalha bem emoldurada num altar na barbearia… com uma velinha acesa religiosamente todos os dias em louvor a Nª Senhora das Dores… quero ver!

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Enfim, a lista mais parece um testamento que propriamente uma “laudatio”, pois a quantidade todos bem sabem que avilta e banaliza o produto…. mas enfim, vai haver eleições e os sorrisos e os cabelos loiros não vão poder mais esvoaçar ao vento, há por isso que encher o olho dos eleitores com novos iscos… Somos terra de peixe… Todos os medalhados, porém, merecem a heráldica, todos, reconheço, fizeram o seu melhor, com toda a boa vontade e saber, em prol de Setúbal. Chapeau. Mas, caramba, perante a heterogeneidade dos nomes da lista que pensar? Sobretudo uma lista oriunda de um Município que rasga uma luxuosa avenida com o nome de uma ilustre personalidade, que nunca esteve directamente ligada a Setúbal, e esquece e ignora outros ilustres que a engrandeceram e divulgaram, e que faz luxo na E.N.10 e na ligação a Palmela e esquece as ruas do interior da cidade que parece terem sido atingidas por terramoto ou bombardeamento atroz. O que faz correr assim os actuais detentores do poder no município? Ave, Qui Insignia (Non) Habent, Te Salutant…!

Se, efectivamente, olharmos para a cidade hoje, o que parece, não é…. Setúbal é hoje uma cidade colada a cuspo, pintada a tinta de água, vazia de ar puro, de consistência e substrato…. tudo o que foi prometido de estruturante não passou do papel (marinas, casinos, hotéis, biblioteca, terminal 7…), enfim, uma infindável lista de promessas que só o número centenário de medalhas consegue igualar. O trânsito continua um caos, apesar das muitas rotundas, (veja-se o labirinto da Várzea) os bairros continuam sujos e sem esperança de modernização, veja-se o gueto onde moro, rua Camilo Castelo Branco e adjacentes, o Bairro da Monarquina, e confinantes, perfumados com o nauseabundo cheiro da Ladeira das Fontainhas, o Bairro se São Domingos, o Bairro da Liberdade, o Bairro da Bela Vista onde se têm gasto milhões, as barracas da Quinta da Parvoíce….

Tudo porque só se pensa para o imediato, para a manutenção do poder a qualquer preço….enchendo o olho e os ouvidos. Com chuva de medalhadas… em tempo de eleições… PS: (Post Scriptum , por causa das dúvidas) Do alto da minha miopia política pode afirmar-se que Setúbal é hoje o que é, tem a visibilidade que tem, tem as estruturas que suportam alguma qualidade de vida e modernidade e, sobretudo, credibilidade e confiança, liberdade e paz, porque alguém teve a visão necessária para tal, nos anos finais do Século XX. Fez obra que, apesar de não ser cosmética nem encher o olho (afinal o essencial é invisível aos olhos), perdura, não obstante o seu autismo final. E sem medalha.

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