A Autoeuropa não só é importante para a região de Setúbal, pela oferta de emprego qualificado e pelas oportunidades de negócio que oferece a muitas empresas, mas também para o país. Com um volume de vendas em 2022 superior a 3,6 mil milhões de euros, a Autoeuropa representa cerca de 1,5% de toda a riqueza produzida pela economia portuguesa. A importância da fábrica de Palmela é mensurável igualmente pelo peso que tem nas exportações: 4% do total no ano passado, tendo já sido superior em anos anteriores.
A Autoeuropa é ainda fator de atratividade de empresas estrangeiras, que por trabalharem diretamente com a Autoeuropa se fixaram nas imediações. São cerca de 30 empresas satélites estrangeiras e nacionais, que depende da Autoeuropa.
Mas, se a Autoeuropa é importante para grandes empresas e para as exportações portuguesas, é igualmente importante para trabalhadores e para o pequeno comércio local. Palmela que há 30 anos era um concelho rural transformou-se no maior “cluster” do setor automóvel em Portugal.
Ou seja, a Autoeuropa fez desenvolver toda uma região, trazendo crescimento económico ao país e melhorando a vida de todos os que habitam à sua volta. A Autoeuropa colocou o Distrito de Setúbal no “centro” de Portugal e da Europa.
Contudo, e segundo notícias vindas ontem a público, a Autoeuropa vai encerrar até novembro e colocar os trabalhadores em lay off. Falta matéria-prima, faltam peças que são produzidas por um fornecedor da Eslovénia alegadamente afetado pelas cheias do início de agosto e que afetaram aquele país europeu. São peças essenciais para a construção de motores e sem essas peças, a administração decidiu interromper a produção a partir de ontem e até 12 de novembro, mandando os trabalhadores para casa em regime de lay off. A administração compromete-se a pagar de 95% dos salários, mas esta é uma situação que preocupa diversas empresas do parque industrial de Palmela, que se preparam para aplicar cortes salariais entre os 5% e os 33%.
Em causa estão ainda cerca de 300 postos de trabalho, especialmente de trabalhadores precários e temporários, não abrangidos pelo regime de lay off.
O primeiro-ministro António Costa reconheceu que a suspensão da atividade na fábrica da Autoeuropa “terá um impacto negativo enorme no PIB e nas exportações nacionais”. Serão mais de 52 mil carros que a Autoeuropa não irá produzir …
Em maio, soubemos que a partir de 2030 a Autoeuropa só iria produzir carros elétricos, contudo nenhum modelo está previsto para ser produzido em Portugal. Segundo especialistas, isto significa que a Autoeuropa está a preparar a saída de Portugal que pode acontecer dentro de três ou quatro anos.
E se assim for como fica o Distrito de Setúbal? Perde a economia nacional, perdem os portugueses, mas perdem sobretudo os setubalenses, um distrito tão fustigado pela pobreza e pelo desemprego ficará mais uma vez à mercê da sua sorte. Até quando o Governo vai continuar a assobiar para o lado? Chega!