Em nome da democracia/voto os poderes, incluindo as autarquias ou «poder local», – definição partidocrata para a administração local -, cobriram-se de uma capa imaculada patinada de tradições e festas perpetuando seus mandos e desmandos, os quais resultam de uma desinformação e deseducação das populações desmontáveis nas três razões do texto de opinião deste diário em 26/novembro.
Ao imitarem a Assembleia da República (AR), entrando nos jogos político-partidários replicam aquilo que criticam nos deputados e funcionamento da constituinte em Lisboa. Mais, revelam a sua incoerência partidária quando se acusam e apontam a outros aproximações e alianças atípicas, mas, por interesses, as fazem também de norte a sul. Os exemplos sobejam desde o modelo urbano especulativo capitalista (e retrógado) tão criticado na AR ao tema do Aeroporto de Rio Frio que uniu interesses vários desde patrões e generais a todas as forças políticas. Veja-se a questão das touradas e defesa da vida; cada vez temos na região mais festas onde o povo é deseducado com essa barbárie, em nome da forma mais alienada que pode haver de tradição: a tradição ao serviço do sistema, capitalista, democrático ou local, em nome do povo. No plano da ecologia e defesa do património natural temos zonas/áreas/parques sob protecção directa do Estado, mas esquecem-se terrenos agrícolas, florestados,, húmidos, linhas de água, zonas de reserva ecológica e natural… Mas toda a gente debate ecologia e a defende nas áreas de jurisprudência governativa ou do vizinho!
Imitar é mau. Imitar mal é péssimo. Com o mesmo arrojo e interesse, incoerência e inconsequência partidária local e nacional, estrategicamente lá se introduzem temas internacionais pelas autarquias. Às vezes vem mesmo a calhar, votos unânimes ou maioritários de questões como a dos migrantes, etc., para sensibilizar as populações. Agora, no pós-guerra fria é mais ou menos tudo misturado. Angola, por exemplo, é um caldeirão de interesses… Todavia a introdução desses temas internacionais parece não favorecer grandes temas como os do eco-ambiente tão falados na ONU e noutras Conferências; parece que não servem para a política local, onde seriam úteis para educar e sensibilizar as populações. Eles são esquecidos e/ou enfeitados com comemorações pontuais em torno de uma árvore em meio urbano ou faixas do «dia do ambiente», não havendo um reparo local de ideias internacionais, «amazónias» locais, águas, reservas ecológicas, terras, etc. Deixamos os exemplos da vala da Salgueirinha (e outras), do aeroporto de Rio Frio, do urbanismo neo-liberal, da destruição da reserva ecológica de Pinhal Novo-Salgueirinha, do parque industrial das Carrascas em terras florestadas… da gigantesca casa de Picasso na Ria Formosa…
Perante isto até se esquece o carácter prático com objectivos futuros nos domínios da liberdade e participação activa das pessoas a tal «qualidade das pessoas» (D.Região), – a participação -, e então vai-se levando isto consoante as maiorias ou os interesses de ocasião, de norte a sul, protegidos pelo voto/sistema/democracia, tão criticado aos partidos maioritários na Assembleia da República, agradecendo ao «deus-senhor» a abstenção crítica, de 50 a 60%, que nas urnas desequilibraria os votos partidários, o trabalho dos caciques locais e das eminências pseudo-intelectuais que trabalham localmente para os partidos e autarquias sabotando a evolução livre das populações e mergulhando-as perante um direito positivo e monista, não moral, próprio das sociedades capitalistas e democracias burguesas que sustenta o Poder dos governos e autarquias, estas vinculando bem a sua presença, num retorno hierárquico, venal-fascista, medalhando personagens, oferecendo honrarias, descerrando lápides em ruas, festas, associações, organizando efemérides de fato e gravata, cortando fitas …
E o que fica disto? A desmobilização, desactivação e desmoralização das populações para a crítica e contestação, para a formulação de ideias e ideais locais e/ou universais, para o desenvolvimento intelecto-cultural da colectividade com o território e recursos locais, para a reformulação do sistema partidário e criação de bases para uma democracia muito mais avançada! Ficam populações sem auto-estima, apagadas, não interventivas, desmoralizadas e enquadradas pelos «político-partidários», medrosas, dependentes de poderes, jogos, caridades. Enfim … Fica também o chorinho político-partidário da democracia, do voto e … do dito «poder local» réplica do poder de cima. Scripto.tarem a Assembleia da Repdesmandos, os quais resultam de uma desinformaçdas popula