No fim de semana de 10 de Dezembro, a Associação Setúbal Voz participou mais uma vez no IV Festival de Canto Lírico de Guimarães, realizado no grande auditório do Centro Cultural Vila Flor, através das suas três valências: o Coro Setúbal Voz, o Ateliê de Ópera de Setúbal e a Companhia de Ópera de Setúbal.
O referido festival é um prestigiado evento cultural associado ao canto e à música lírica.
Em 2019, já tínhamos participado neste festival, interpretando a peça intitulada “Os Se7e Prazeres Capitais”, realizado nos claustros do Paço dos Duques de Bragança.
Em 2021, apresentámos o espectáculo “A Nave dos Diabos”, no grande auditório do Centro Cultural Vila Flor, bem como “Nessun Dorma”, pequenos excertos operáticos com vários intérpretes e músicos distribuídos pelas ruas do centro de Guimarães.
Desta vez, em 2022, apresentámos a ópera “Carmen” de George Bizet.
Tal como tinha sucedido nos anos anteriores, a referida ópera foi um enorme êxito.
Casa cheia, público entusiasmado e rendido à enorme intensidade interpretativa de todos os intervenientes e, em termos mais abrangentes, à excelência e qualidade do espectáculo apresentado, tal como tinha sucedido na semana transacta em Setúbal.
No dia seguinte, o Ateliê de Ópera de Setúbal apresentou o espectáculo intitulado “As Sete Mulheres do Minho”, realizado na Associação Artística Vimaranense, também com assinalável êxito.
Francisco Teixeira, director do Festival de Canto Lírico, afirmou não ser por acaso a presença recorrente da Associação Setúbal Voz neste evento cultural vimaranense.
Ao passearmos pela cidade-berço nós, os setubalenses, trocávamos impressões sobre quais as principais diferenças entre as cidades e Concelhos de Setúbal e Guimarães, nomeadamente em termos de oferta cultural.
Guimarães possui o Pavilhão Multiusos (5000 lugares), os dois auditórios do Centro Cultural Vila Flor (800 e 250 lugares, respectivamente), o Centro de Artes de S. Mamede (800 lugares), o Anfiteatro Jordão (450 lugares), o auditório da Universidade do Minho – Pólo de Guimarães (500 lugares), e a Plataforma de Artes (200 lugares), o que perfaz um número total de cerca 8000 lugares.
Quanto a Setúbal temos o Fórum Luísa Todi (600 lugares), Auditório da Anunciada (400 lugares), Auditório Charlot (200 lugares), Auditório de S. Sebastião (150 lugares), Auditório Bocage (100 lugares), TAS (100 lugares), Casa da Baía (100 lugares) e Casa da Cultura (70 lugares), com um total de cerca 1700 lugares.
Alguns investimentos culturais setubalenses foram um embuste e uma forma obscena de gastar o dinheiro dos contribuintes, tal como os 4,5 milhões de euros gastos na construção do mastodôntico, horrendo e sobretudo inútil Auditório do Largo José Afonso.
Essa verba foi desperdiçada leviana e irresponsavelmente, em vez de se apostar em infraestruturas culturais a sério.
Contrariamente ao que se passou com o nosso Vitória Futebol Clube, o Vitória de Guimarães aproveitou a embalagem do Euro 2004 e construiu o Estádio D. Afonso Henriques, com capacidade para 30 mil pessoas, parque de estacionamento coberto para 400 lugares, funcionamento de duas escolas profissionais, ginásio e sede.
Possui também uma Academia com seis campos relvados e num deles construíram bancadas para funcionar um mini-estádio com capacidade para 2500 pessoas. Ainda possuem um pavilhão desportivo para as outras modalidades.
A triste realidade que constatámos in loco, é que existem enormes diferenças entre Guimarães e Setúbal, nomeadamente em termos de infraestruturas culturais e desportivas.
É claro que tudo isto não acontece por acaso. O dinamismo empresarial, as escolhas partidárias e as opções políticas autárquicas tomadas pelas regiões do Minho e Douro Litoral, traduzem-se, por exemplo, na existência de dez (!!!) clubes na 1ª Liga, num total de dezoito clubes, com consequências sociais, culturais, económicas e desportivas relevantes.
Numa distância máxima de cerca 50 Km entre si, encontramos os seguintes clubes: Porto, Boavista, Braga, Guimarães, Arouca, Famalicão, Gil Vicente, Rio Ave, Paços de Ferreira e Vizela.
Quanto a Setúbal, Concelho, Distrito e todo o restante Alentejo, o panorama é perfeitamente desolador, sem qualquer clube na 1ªLiga.
Seja como for, a Associação Setúbal Voz prestigiou mais uma vez o nome de Setúbal por terras minhotas.