No passado dia 17, sábado, aconteceram duas manifestações em Lisboa. Uma, pela paz, contra a guerra, e outra pelos direitos das lésbicas, gays, bissexuais e transgéneros (LGBT).
A primeira, pelas 15 horas, sob um sol tórrido, encheu o Largo Camões e foi juntando ainda mais gente que com determinação ,entoava palavras de ordem, como: “Paz sim, guerra não!”, “Para a guerra vão milhões, para os povos só tostões” ou, “Armamento não, paz e cooperação”. E o desfile prosseguiu até à Praça do Município.
O cantautor Sebastião Antunes, animou a acalorada e vibrante multidão, depois usaram da palavra, José Pinho da Associação Projeto Ruido, a secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, e a presidente do Conselho Português para a Paz e Cooperação, Ilda Figueiredo.
Sob o lema “Parar a guerra, dar uma oportunidade à paz”, a manifestação foi organizada pelo CPPC e contou com o apoio do PCP, do PEV, da CGTP e de outras organizações.
Depois a outra manifestação, também com muita gente, muito colorida e animada, percorreu diversas ruas da Baixa.
Portanto, duas grandes manifestações que obviamente são notícia. Aliás, seja por que motivo for, desde que se juntem centenas ou milhares de pessoas, é sempre notícia. A menos que não haja divulgação. Assim, pura e simplesmente, não há notícia.
Vejamos o caso presente.
A RTP, entrevistou lá, o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo. Disseram-me que depois passou dois pequenos apontamentos sobre a entrevista e a manifestação. Provavelmente, foi o único órgão de informação de expressão nacional a divulgá-la. E muito restritamente! Certeza tenho, absoluta, é que em diversos noticiários da noite e até de madrugada, a rádio pública, Antena 1, repetiu a informação sobre a manifestação do “orgulho gay”, e sobre a da defesa da paz, contra a guerra, zero! Assim como no dia seguinte, não foi notícia de primeira página em nenhum jornal de âmbito nacional.
É esta a isenção e o pluralismo da comunicação social dominante.
Foi assim sobre esta manifestação, como foi em relação às do Porto, Coimbra, Faro e Funchal. Agora e em Fevereiro último. E em tantas outras lutas e iniciativas organizadas ou com o apoio das forças acima referidas.
Apenas mais este exemplo: como se sabe, a luta das autarquias da região, das comissões de utentes da saúde e das populações pelo novo Hospital no Seixal, leva duas décadas. A 4 deste mês, essas entidades com destaque para a CM do Seixal, organizaram uma grande marcha por esse fim.
Que divulgação nacional teve?
Que eu saiba, teve uma, mas regional. E muito completa! (O SETUBALENSE,6/6/23). “ Milhares marcharam junto à baía a exigirem construção do hospital no concelho”.
Este jornal, divulga o que de relevante acontece no distrito, dá voz aos deputados nele eleitos e aos diversos colaboradores, independentemente de onde se situam no espectro político-ideológico. Ou seja, cumpre a nobre função da imprensa: informar e formar.
Mas O SETUBALENSE é um oásis neste deserto mediático nacional.