Neste espaço de opinião, várias vezes tenho alertado para a necessidade de uma alternativa liberal às políticas estatizantes que caracterizam a política portuguesa, e, muito em particular, a governação do Partido Socialista. Essa alternativa pressupõe, entre outras, um novo modelo de acesso à Educação e à Saúde. Para clarificar, falo de políticas idênticas às de outros parceiros europeus, que funcionam, e que resultam num acesso generalizado e de qualidade a toda a população, e que, sendo liberais, não foram sempre aplicadas por governos liberais, mas, sim, por governos capazes de integrar políticas de sucesso e de clara inspiração liberal.
Estas duas áreas, a Educação e a Saúde, são, na minha opinião, daquelas onde a degradação dos serviços públicos causada pela governação do Partido Socialista é mais evidente e é sobre dois exemplos reais do nosso distrito que hoje escrevo. Dois exemplos reais do desastre generalizado do atual estado da Educação e da Saúde – uma realidade transversal a todo o país – e que ajudam a compreender os maus resultados do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) ou os encerramentos sucessivos das urgências hospitalares. E falo da Escola Secundária Sebastião da Gama, em Setúbal, e do Hospital Garcia de Orta, em Almada, entidades que visitei na semana passada com o presidente da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, e com as respetivas estruturas locais.
A Escola Secundária Sebastião da Gama, é uma escola cujas instalações, requalificadas pela Parque Escolar há cerca de 12 anos, estão totalmente degradadas. É uma escola com quase 2.000 alunos, que tem, entre outras situações, um edifício novo com uma biblioteca onde chove lá dentro e um bar onde a água da chuva chega aos 10cm de altura, um pavilhão inutilizado, casas de banho estragadas e insuficientes e cerca de 13 turmas sem professor a pelo menos uma disciplina. Desta visita destaco o esforço e o empenho de alguns membros da direção, de alguns professores e da associação de pais para dar uma escola melhor aos alunos, mas, no mesmo dia, destaco a falta de noção do Ministro da Educação quando disse que saía do Governo de consciência tranquila.
Já da visita ao Hospital Garcia de Orta, e de mais uma reunião com o Conselho de Administração, destaco a total e completa negação da realidade em que o hospital funciona. Temos um hospital que, neste momento, tem a urgência de ginecologia e obstetrícia encerrada aos fins de semana e a urgência de pediatria encerrada, todos os dias, durante a noite, mas cuja administração não parece ver a necessidade de contratar mais profissionais de saúde e que explica os constrangimentos por não conseguir que os profissionais de saúde façam mais horas extraordinárias. E temos um hospital em que a sala de espera da urgência geral funciona num contentor exterior ao edifício – com acesso pela rua -, mas cuja administração não parece ter planos imediatos para resolver a situação.
Este é o resultado das políticas socialistas: de forma lenta – deixamos andar porque vamos vendo pequenos remendos – as instituições entram em degradação e desagregação e, quando nos apercebemos, o caos é total. Estas duas visitas foram os exemplos perfeitos desta situação.
É por isso que temos de querer mais e de exigir mais.