O mundo em que vivemos está à beira duma guerra total – com ameaças do uso do poder destruidor da energia atómica – e com guerrinhas do Ocidente ao Oriente, sem esquecer pequenos conflitos alimentados pelos países mais poderosos que se confrontam de muitas maneiras, na procura do poder, sem olhar aos milhares de vítimas que provocam.
Os Estados Unidos da América (EUA) (o maior fabricante de armas), a Rússia, que ameaça a Europa, e a China, que vai “conquistando” o mundo com o seu poder económico (e não só!), são os principais protagonistas. Temos igualmente diante de nós uma verdadeira “guerra religiosa” com o mundo muçulmano (sunitas e xiitas) e com os israelitas (os judeus) – incompatibilidades que têm milénios.
Completando este quadro, asseguram-nos os especialistas que as alterações climáticas (que facilmente todos comprovamos com as temperaturas a subirem, com o aumento de tufões, das inundações, das secas , etc) marcam um prazo dumas décadas para o mundo se tornar inabitável.
E é com este panorama desanimador que se iniciam aos Jogos Olímpicos de Paris!
Curiosamente, as primeiras olimpíadas começaram precisamente em Paris.
É um francês que tem a ideia de juntar os desportistas de todos os países, distinguindo os melhores de cada especialidade desportiva com medalhas de ouro, prata ou bronze.
A olimpíada, simbolizada pelos anéis entrelaçados e por uma chama trazida da Grécia (de Olimpo) e percorrendo todos os países participantes nos Jogos até á cidade onde se realiza.
Houve, desde o início desta ideia, uma preocupação de unidade e de paz e confraternização dos atletas de todas as raças, de todas as cores, de países dos vários continentes.
A França, onde nasceu o conceito de Unidade, Fraternidade e Igualdade, sendo Paris durante muito tempo a cidade do amor, das artes e da alegria, atravessando presentemente uma crise política grave, atreveu-se a organizar os Jogos Olímpicos mais originais desde que se realizam.
E organizaram-nos fora dum estádio, distribuindo as várias modalidades desportivas pelas icónicas praças da cidade!
A chama olímpica está acesa na base da Torre Eiffel e a sessão de abertura, que cada País tem tentado transformar num espectáculo grandioso, surpreendeu, com luzes, fogo-de-artifício e, claro, com o imponente desfile dos atletas, os melhores que cada país pode enviar e dos quais se orgulha!
O génio que pensou e organizou as olimpíadas de Paris organizou uma abertura maravilhosa e espectacular, entrando os atletas em barcos nuns seis quilómetros do Rio Sena, com animações nas múltiplas pontes, com animações nas duas margens, com múltiplas alusões à história de França, com jogos de luzes, intervenções de cantores célebres, não faltando as coristas do Folie Berger dançando o can-can.
As reconstituições de tudo o que pudesse ser alusivo à fraternidade e á paz.
Um espetáculo inesquecível, duma originalidade extraordinária, duma beleza indescritível. Só S. Pedro não colaborou e tudo, mesmo tudo, foi debaixo duma chuva densa, mas não se via ninguém, dos milhares de espectadores ao longo daqueles seis quilómetros, arredar pé.
Entretanto, uma figura estranha corria sobre os telhados dos edifícios cheios de história, com a chama que deveria entregar depois do desembarque dos atletas, aqueles escolhidos pelas suas vitórias.
Depois da chama acesa e da Torre Eiffel profusamente iluminada, e do som da voz de Céline Dion, discursaram o responsável olímpico de França e do olimpismo internacional.
E ambos acentuaram a finalidade daquelas olimpíadas como um contributo para a fraternidade, a igualdade e para a paz entre os homens.
É um extraordinário contributo para a paz neste mundo à beira do abismo.
Eu, que adoro Paris, que por lá andei várias vezes e a considerava mesmo a cidade do amor, sensibilizei-me com aquele belo, magnifico espetáculo que foi a abertura dos jogos.