Arborizar para consolidar

Arborizar para consolidar

Arborizar para consolidar

12 Maio 2021, Quarta-feira
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A importância das ruas arborizadas para a consolidação da infraestrutura verde em áreas urbanas.

O efeito de ilha de calor consiste no aumento intenso das temperaturas nos espaços mais urbanizados. Em alguns casos, alguns pontos das cidades chegam a registar um aumento de 10ºC ou mais em relação às áreas rurais adjacentes. A ausência de uma infraestrutura verde consolidada, permite que fenómenos destes aconteçam com regularidade.

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A fragmentação é uma das principais ameaças à conservação da natureza, da biodiversidade e dos habitats naturais, pois promove a destruição das conexões necessárias para o seu desenvolvimento natural. Estes factos ocorrem maioritariamente devido a ações relacionadas com o uso, transformação e ocupação do solo, que potenciam a perda de espaços verdes para a implementação de áreas impermeáveis como estradas e edifícios. Tal leva ao aparecimento do risco de cheias e ao aumento do efeito de ilha de calor urbana. Os municípios necessitam então, de adotar medidas e estratégias para garantirem um menor impacto das áreas construídas.

O conceito de infraestrutura verde incorpora precisamente a continuidade enquanto valor ecológico, social e de composição urbana, e faz deste uma das suas principais bandeiras. Funciona como uma rede que conecta ecossistemas e paisagens, através de nós, espaços âncora e diversas ligações. As ligações são tão importantes quanto os nós, só através da existência de ambos é que se forma uma rede de qualidade que permita a preservação ecológica dos sistemas.

Podem ser adotadas várias estratégias para aumentar a conectividade entre os espaços verdes de uma área urbana, mas nos centros urbanos densamente construídos os espaços disponíveis são escassos e soluções alternativas terão de ser alvo de uma ampla reflexão: coberturas verdes, pocket gardens e ruas arborizadas são oportunidades que devem ser consideradas pelas políticas municipais de ordenamento do território, nomeadamente na revisão do Plano Diretor Municipal.

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Coberturas Verdes

Tendo em conta que cerca de 20 a 25% da área urbana pertence a coberturas, a implementação de coberturas verdes poderá ser uma boa solução para a mitigação dos efeitos negativos da urbanização das cidades. A promoção de infraestruturas verdes é também um objetivo prioritário da União Europeia. Existem já inúmeras cidades que incentivam ou obrigam a adoção deste sistema construtivo. Copenhaga, capital da Dinamarca, tornou-se a segunda cidade do mundo a tornar obrigatória a implementação de coberturas verdes em novos edifícios. A primeira foi Toronto, no Canadá. Mas apesar dos inúmeros benefícios, dos quais destacamos:

  • Retenção da água da chuva reduzindo o escoamento e atrasando o pico de cheia nos coletores urbanos das cidades;
  • Aumento do conforto térmico, reduzindo as necessidades energéticas e os gastos associados
  • Limpeza do ar nas cidades, através da absorção de poeiras finas prejudiciais à saúde, pela vegetação;
  • Redução da ilha de calor urbana;
  • Valorização da biodiversidade, da paisagem e do valor imobiliário;

este sistema também apresenta inconvenientes. O custo de construção associado ao sistema é um dos principais motivos da pouca aplicabilidade em Portugal. Assim sendo, é essencial a adoção de políticas de incentivos a fim de motivar a população ao seu uso. Em Hamburgo, por exemplo, os proprietários com uma cobertura verde com área de 20 a 100 m2 na sua residência recebem um subsídio de 40% do custo total da implementação da cobertura verde e pode ir até 60% se forem contratados profissionais especializados nesta área para a sua execução.

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Pocket Gardens

Os “jardins de bolso” surgem normalmente em espaços públicos e privados livres devido a demolições, em espaços irregulares ou com constrangimento construtivo. São geralmente áreas pequenas de fácil manutenção e melhoram a qualidade estética da cidade, provocando um efeito surpresa a quem os encontra, permitem por si só a ampliação da conetividade da estrutura verde urbana.

 Ruas Arborizadas

Nas cidades, as árvores desempenham um papel muito importante na melhoria da qualidade de vida da população e do meio ambiente. As ruas têm uma importância inquestionável tendo em conta que seria impossível conceber uma cidade sem as mesmas. São estas que permitem a movimentação das pessoas, que ligam os múltiplos pontos de interesse, tanto privados como públicos, que permitem encontros, formando um sistema de canais livres e de propriedades coletivas, a rua é de todos e para todos.

As ruas arborizadas acarretam diversos benefícios, tais como:

– a melhoria da qualidade do ar,

– a redução da poluição sonora,

– o aumento do conforto climático,

– a promoção da biodiversidade,

– a valorização económica do sector imobiliário e uma maior qualidade estética.

 

A arborização das áreas livres, de uso público que acompanham o sistema viário deve ser seriamente considerada tendo em conta a densidade da rede viária na cidade, um Plano de Arborização surge assim como a estratégia mais simples de implementar de forma eficaz a consolidação da infraestrutura verde, dependendo apenas da vontade política local apoiada por estratégias de desenho urbano adequadas, ao invés de se replicarem rotundas e espaços áridos  um pouco por toda a cidade.

O levantamento e caracterização da estrutura verde urbana existente deve ser o primeiro passo e permitirá identificar o património arbóreo da cidade, e avaliar melhor onde e como atuar.  Identificando os principais constrangimentos e oportunidades para a consolidação da infraestrutura verde da cidade, e com clareza definir as vias com potencial para serem arborizadas, considerando, claro, a adaptação e compatibilidade das espécies com o contexto urbano.

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