É com esta dedicatória de Hayek, do livro: “O Caminho para a Servidão”, que começo, uma vez que este artigo se destina aos socialistas de todos os partidos, do CH ao BE. Até agora, não há um partido que não tenha assentado as suas promessas eleitorais em mais despesa – logo, em mais impostos. Como exemplos, o BE propõe um aumento de 40% aos médicos por estarem em exclusividade no SNS, o PCP quer um aumento transversal de 15% para todos os trabalhadores e o aumento do salário mínimo para 1.000 euros, enquanto o PS, afinal, já admite recuperar tempo de serviço dos professores – que não fez enquanto Governo -, alargar as fontes de receita da Segurança Social (ou seja, aumentar impostos) e, num SNS em rutura, promete incluir a Saúde Oral. À “direita”, o PSD, depois de alguma confusão, promete aumentar o Complemento Solidário para Idosos, até que os rendimentos destes pensionistas alcancem o salário mínimo (de 820 euros). Gostaria de falar do CDS, mas como o partido desistiu de apresentar as suas ideias, falo agora do CH, cuja Convenção, neste último fim de semana, foi o ponto alto do socialismo. De uma assentada, prometem aumentar a despesa em 4,4% do PIB. Sem aumentar impostos, e, como que por magia, a corrupção que irá terminar por decreto e uma taxa sobre os lucros da banca, irão suportar a recuperação do tempo de serviço dos professores e a equiparação das pensões mais baixas ao salário mínimo.
Não estou contra a justiça destas medidas, mas, da forma como estão formuladas, e tendo em consideração o contexto de crescimento medíocre da nossa economia, só serão possíveis de concretizar por via de mais impostos. E isto apenas irá reforçar o círculo vicioso em que nos encontramos, honestamente, desde o tempo do guterrismo. Um círculo em que temos sido ultrapassados pelos países de Leste, com a população a envelhecer e os mais jovens a emigrar. Para usar uma expressão do próprio António Guterres, os 30% de jovens nascidos em Portugal que residem no estrangeiro, conforme noticia o Expresso, “não surgiram do vácuo”. Estes jovens, para escapar da “servidão” de Hayek – de um futuro pouco promissor, de baixos salários e de falta de oportunidades – em resultado de uma economia asfixiada por impostos, preferiram emigrar. Estes jovens emigraram, na sua maioria para países liberais (ou mais liberais que Portugal), para não sucumbirem à “servidão” provocada por décadas de socialismo. E é socialismo o que os partidos que referi têm estado a propor – medidas que serão suportadas, unicamente, com o dinheiro dos contribuintes.
É urgente pensar no futuro, com ambição, e transformar o país que está bloqueado e estagnado, com medidas viradas para o crescimento económico. É preciso reduzir impostos, taxas e burocracias que, igualmente, custam dinheiro e travam a criação de riqueza. É tempo de defendermos as empresas que não existem, as tecnologias que ainda estão por desenvolver e os postos de trabalho que ainda estão por criar. Estas são as principais vítimas do socialismo que tem governado Portugal e que se materializa nos números desoladores da emigração. Nós, que cá ficamos, queremos que os nossos familiares tenham razões para regressar e que os nossos filhos só emigrem por opção e não por obrigação. E é esta a mensagem com que quero terminar: não temos de caminhar para a “servidão”!