Participei ativamente na campanha para estas Eleições Autárquicas, e o que vi e vivi foi uma jornada democrática da CDU, a mobilizar, a esclarecer, a apresentar as propostas e projetos, a afirmar uma mensagem de confiança e de esperança.
Não esqueço a dedicação, a generosidade, a alegria na participação de tanta gente, de todas as idades, membros do PCP, do PEV, da ID, de tantos outros sem filiação partidária. A dialogar com as pessoas, a colocar os materiais de informação e propaganda, a realizar centenas e centenas de iniciativas por todo o concelho, a trabalhar sem querer nada em troca senão um futuro melhor para a sua terra.
Aqui fica uma saudação calorosa, fraterna, a todos os que deram o seu melhor nesta jornada, e a todos os que deram força, incentivo e apoio para seguirmos em frente. No voto e no resto, a confiança não é para quebrar.
Os resultados obtidos foram de 96.909 votos e 31 por cento do total da Península de Setúbal, a eleição de 322 mandatos diretos, as vitórias para as Câmaras e Assembleias Municipais de Palmela, Seixal, Sesimbra e Setúbal – a Capital de Distrito –, assim como em 15 assembleias de freguesia, entre as quais a recuperação de Sarilhos Grandes e Azeitão. A CDU é a força mais votada em 7 dos 13 Municípios do Distrito de Setúbal.
Foi um resultado obtido num quadro particularmente exigente, e que teve de enfrentar, na sua construção, um conjunto de fatores adversos, mas que a mobilização e empenhamento de milhares de ativistas e candidatos ergueu, afirmando o trabalho, a honestidade e a competência enquanto reconhecidas razões para o apoio e confiança na CDU.
Assistimos hoje a uma linha de menorização da CDU, com as habituais sentenças dos habituais papagaios. Mas é indispensável uma leitura mais objetiva desses resultados. Não ocultando perdas de posições (nomeadamente no município da Moita e em nove freguesias da região), mas também não deixando de valorizar crescimentos do número de votantes, como os verificados concelhos do Seixal, Almada e Montijo e em dez freguesias.
Mais uma vez se demonstra que não há processos irreversíveis e, mesmo em contextos adversos, é possível reforçar a votação da CDU.
É indesmentível que houve fatores que, tendo expressões distintas num ou noutro local, marcaram este processo eleitoral, e que foi preciso enfrentar.
Desde logo, o peso da epidemia e dos condicionamentos no plano da participação, proximidade e envolvimento populares, elementos estruturantes de afirmação e dimensão democrática da gestão da CDU, dos seus projetos e iniciativas de âmbito cultural e desportivo, de relação com diversas expressões da comunidade local.
Entretanto, vimos a instrumentalização de meios do aparelho de Estado ao serviço do partido do Governo.
Por outro lado, alguns podem esquecer ou ignorar a campanha constante, sistemática, que vem de longe, mas que se intensificou de forma evidente: tudo valeu para enlamear a seriedade dos eleitos da CDU, para reduzir a diversidade e a qualidade da participação na CDU a rótulos e caricaturas.
Tudo fizeram para deturpar a natureza e os objetivos destas eleições, esbatendo o seu carácter local e a distinção nesse plano entre os vários programas e projetos em disputa. Era como se as populações fossem peças de xadrez num jogo político nacional, ou figurantes de um filme cujo guião se escrevia em redações ou gabinetes. A CDU nunca funcionou assim.
Naturalmente, houve diversos fatores locais específicos de cada freguesia e concelho, para um resultado que implica ter presente que a natureza plural e colegial do Poder Local atribui a cada mandato um valor próprio de intervenção, seja para intervir na construção de soluções e propostas, seja para dar voz aos interesses das populações, seja para garantir rigor e transparência no funcionamento das autarquias.
A CDU na região de Setúbal continua a ser a grande força de Esquerda no Poder Local Democrático. As populações podem estar certas de que o apoio recolhido nestas eleições, expresso nos 322 mandatos diretos obtidos pela CDU nos órgãos municipais e de freguesia (a que se juntarão dezenas de outros a serem eleitos na constituição das juntas de freguesia), será integralmente posto ao serviço das populações através de uma decidida intervenção.
Cá estaremos para a luta que continua. Cá estaremos para prosseguir a intervenção por melhores condições de vida, para defender direitos e assegurar uma política alternativa que responda aos problemas dos trabalhadores e do País.