Alunos ucranianos no Agrupamento de Escolas Lima de Freitas

Alunos ucranianos no Agrupamento de Escolas Lima de Freitas

Alunos ucranianos no Agrupamento de Escolas Lima de Freitas

, Professor
11 Abril 2022, Segunda-feira
Giovanni Licciardello - Professor

“O mundo que construímos amanhã nasce nas histórias que contamos aos nossos filhos hoje. A Política move as peças. A Educação muda o jogo”

 Jonathan Sacks

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Esta malfadada guerra na Ucrânia, tal como todas as guerras, tem provocado inevitavelmente uma vaga de refugiados que procuram fugir aos horrores que lhe estão sempre infelizmente associados.

No caso concreto, ao fim de quase dois meses de conflito que opõe a Ucrânia-de-todos-nós e a Rússia, o seu número ascende a quase cinco milhões, metade da população total de Portugal.

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Um número impressionante em tão curto espaço de tempo.

A vaga de refugiados deslocou-se massivamente para a Polónia, Eslováquia, Hungria, Roménia e Moldávia, numa primeira fase, deslocando-se progressivamente cada vez mais para Oeste.

Os países da Europa Central e Ocidental são geralmente considerados referências de democracia, paz, tolerância, estabilidade, bem-estar económico e social, possuindo em todos a diáspora ucraniana.

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Segundo dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), indicam que desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, ocorrida a 24 de Fevereiro de 2022, solicitaram protecção temporária a Portugal cerca de 25.400 pessoas oriundas daquele País, que se juntam aos 27.200 que já cá viviam, o que totaliza actualmente mais de 52.600 pessoas.

A comunidade ucraniana duplicou o seu número e passou a ser a segunda maior residente no país, a seguir aos oriundos do Brasil.

Como não podia deixar de ser, chegaram a Setúbal, tendo alguns deles ingressado do meu Agrupamento de Escolas Lima de Freitas.

Para já, são sete, meninas e meninos, de várias idades, com olhares ainda perdidos, inseguros, tensos, acabados de chegar do lado de lá de uma outra vida calma, tranquila, com hábitos e rotinas, de espaços físicos e emocionais próprios, para se confrontarem com uma reviravolta súbita, inesperada e violenta das próprias vidas, acarretando uma fuga rápida, uma viagem longa, um turbilhão de angústias, incertezas e emoções associadas.

Todavia, rapidamente estabelecem relações de comunicação e de afecto connosco.

As dificuldades e constrangimentos esbatem-se rapidamente, com a vontade, simpatia e aquele sentido de humanidade recíproco, comum às pessoas de bem.

Por outro lado, temos connosco alunos ucranianos que vivem já há alguns anos em Portugal, e que constituem elos preferenciais de comunicação.

Lenta, mas de forma segura e sustentada, vão-se estabelecendo conexões extremamente importantes.

Sabemos que o pensamento e os afectos ficaram na Ucrânia. Não são simples emigrantes, mas refugiados de guerra e daí que se torna um imperativo a nossa atenção e carinho, procurando resgatá-los dos seus universos de sofrimento.

Ao perguntar a uma das alunas qual o currículo formal existente no sistema de ensino ucraniano, nomeadamente no ensino secundário, percepcionei imediatamente que existe uma fortíssima componente identitária como nação, nomeadamente através da Literatura e da História ucranianas, mesmo em áreas de Ciências.

A identidade de uma nação é algo de muito sério e estruturante, como se pode facilmente verificar com estes meninos ucranianos.

A guerra é uma coisa terrível, trazendo ao de cima o que de pior existe na natureza humana, nomeadamente os ignóbeis crimes de guerra a que temos assistido e que não podem, nem devem ficar impunes.

Quanto a nós, temos todos o dever, como sociedade que cultiva os valores democráticos, de saber acolhê-los e acarinhá-los para que possamos fazer parte intrínseca uns dos outros.

Khay zhyve vilʹna Ukrayina. Que viva a Ucrânia livre.

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