13 Agosto 2024, Terça-feira

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Almada e os almadenses, por estes dias

Almada e os almadenses, por estes dias

Almada e os almadenses, por estes dias

9 Abril 2020, Quinta-feira
Carla Cisa

A vida lá fora está diferente. O silêncio toma conta das ruas. As pessoas estão diferentes. Mais sozinhas. Não conversam. Têm o olhar no chão. Não há abraços, nem beijos. Parecem distantes. Não há esplanadas, nas calçadas. Numa das principais avenidas de Almada, é o lá vem um. O ruído do metro quebra o silêncio. As carruagens vão quase sempre vazias, ou perto disso. Aquela a que muitos chamam de a zona mais cool de Almada, a Rua Cândido dos Reis, está agora, deserta. A arquitetura da cidade é agora bem visível. Sem ruído visual, tudo fica mais nítido. Ao longe, a ponte 25 de abril. O silêncio no tabuleiro da ponte, impressiona. Não havendo ruído, o rio torna-se ainda mais bonito, por estar envolvido num cenário que parece de paz.

Almada, é por estes dias, uma cidade, estranhamente, sossegada e tristonha.

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Os almadenses, habituados que estão a saírem à rua, e a misturarem-se, a ‘explanarem’, a conversarem na rua, a desfrutarem das margens do rio, ou de passeios nos areais das praias, a aproveitarem a cultura, que Almada sempre cuidou, cumprem agora as recomendações da DGS, e estão em casa.

Atentos às notícias que vão chegando, também os almadenses, esperam por dias melhores, mas não acreditam que tudo vá ficar bem. Não há ilusões. Sobretudo, sabem que depois da tempestade, a bonança tardará a vir.

Aqui muita gente se conhece. Parece uma aldeia, dos tempos modernos.

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A internet e as redes sociais têm sido valiosos instrumentos para que os portugueses, em geral, e os almadenses em particular, se mantenham em contacto com o mundo lá fora. Forçados ao tão necessário isolamento social, procuram o contacto visual com quem, por estes dias, não pode estar. E sentem a falta dos abraços e dos afetos. Partilham-se os dias. Percebe-se a preocupação, de muitos, com os filhos, com os amigos, com familiares. Partilham-se vídeos, discutem-se ideias, e até se fazem tertúlias online.

Aparece quem quer. E só quando apetece. Outras vezes, o que apetece mesmo é estar em silêncio. Por aqui também se aproveita a cultura online, iniciativa de muitas instituições, às quais Almada tem aderido. Entretêm-se as crianças com a leitura de contos, promovida pela Rede Municipal de Bibliotecas de Almada. Partilham-se fotografias do antigamente porque, finalmente, foi possível ir ao baú das recordações. As pessoas cruzam-se nas ruas. Máscaras, lenços e luvas. Nas filas, não há pessoas zangadas. Pelo contrário, esperam serenamente. Muitos, experimentam o teletrabalho, adaptam-se, criam outras rotinas. Outros estranham, e anseiam voltar aos postos de trabalho. Testa-se a capacidade de concentração em espaços partilhados onde nem sempre é possível o silêncio, porque está tudo em casa.

Em Almada há ainda quem, não podendo trabalhar, se dedique aos outros, voluntariando-se junto dos serviços camarários, ou de iniciativas particulares, e ajudando quem mais precisa.

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Os portugueses, em geral, e os almadenses, em particular, ouviram, confiaram e perceberam. Protegeram-se, e protegeram os outros.

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