A par da criação de postos de trabalho no concelho de Odemira com as inúmeras estufas ali instaladas, há uma realidade escondida que passa despercebida aos olhos de uma certa classe politica que apenas se interessou pelo caso em virtude dos casos de infeção por Covid 19, e para a qual os trabalhadores migrantes são alvo de atenção apenas quando a comunicação social cumpre a sua função.
O problema de Odemira pode não ser apenas a exploração de mão de obra, que pode esconder o tráfico humano, onde não sabemos quem ganha com o mesmo, havendo também uma clara agressão ambiental, onde a irrigação das estufas, está a originar problemas de seca na Costa Vicentina, contribuindo para os baixos níveis de água na barragem de Santa Clara e para a escassez de recursos hidricos.
Portugal é um país acolhedor, mas ficamos sem saber de que forma chegaram a Portugal aqueles que são explorados, residindo em condições pouco dignas, ficamos sem saber quais são os dividendos de que o nosso país usufrui em termos de receita fiscal, mas ficamos com a ideia de que na faixa da Costa Vicentina onde estão implantadas as estufas, estão a ser violadas as regras ambientais e não só, com a cumplicidade de quem tem a obrigação de surpervisionar o cumptrimento das mesmas.
A pandemia veio colocar a descoberto, a exploração da mão de obra do homem pelo homem, cujas diversas irregularidades poderão significar uma pequena percentagem de muitas outras que se passam no país, e que não tenham a devida atenção por parte das autoridades competentes, onde um modelo de desenvolvimento pouco sustentável, associado à escassez de recursos hidricos, pode colocar em causa uma área económica fundamental para a região como é o turismo.