Agarrei neste título pela força que o poderoso poema musicado de Fernando Lopes Graça transmite enquanto um sacudir de consciências. Na minha opinião, funciona como um alerta para a necessidade de não nos deixarmos adormecer embalados por discursos com palavras que perderam significado e já não dizem o que querem dizer, às vezes, parece que estamos perante a “novílingua” que Georges Orwell preconizava no seu “1984” parecendo provocar um estado de sonambulismo zombiático alternando com estados de alerta e contentamento pelos avanços tecnológicos, nomeadamente da Inteligência Artificial (IA) olhando-a uns, como um Messias que vem salvar a humanidade de todos os males, e olhando-a outros como o Anti-Cristo capaz de desgraçar a humanidade conforme a utilização que se lhe dê. Sabemos que é assim com muitas das descobertas e invenções, atentemos na energia nuclear, por exemplo, cujas boas intenções rapidamente se transformaram em pesadelos.
Ao que parece a IA já consegue aprender coisas novas de motu próprio, li algures que teria aprendido a mentir sem ser “ensinada”(*). Mas não é de espantar pois se a mesma (IA) é boa para através de algoritmos detectar padrões e fazer previsões, a mentira, ou a inverdade como agora se diz, tem condições para surgir, que mais não seja mascarada de tendência ou previsão…
Conseguirá a IA “aprender” responsabilidade temperada de bom-senso?
É cada vez maior a dificuldade de apurar neste mar de informação em que estamos imersos o que é verdade e o que não é, televisões, rádios, jornais, redes sociais todos com os respectivos intérpretes das notícias. Comentadores e comentadores dos comentadores não faltam, mas façam as interpretações e os comentários que fizerem, uma coisa parece certa, a nossa Europa face ao que se está a passar no Mundo parece muito confusa, desorientada, lenta e atrapalhada como algumas pessoas quando se levantam de manhã sem saber muito bem onde deixaram os chinelos e o roupão e que não acordam convenientemente antes do café! E se não acordar antes do café pode muito bem ter a IA a dar-lhe as indicações para seguir sem pensar muito no que se está a fazer… “Na próxima saída vire à esquerda, depois à direita…depois a quinhentos metros volte a sair na primeira à direita” e assim sucessivamente até se ir ter a um beco sem saída…
A Europa tem de Acordar não se pode deixar desfalecer durante a sonolência.
Diz Fernando Lopes Graça no seu poema-musicado “Acordai, homens que dormis” e eu acrescentaria … Acordai Todos os que dormem antes de termos que “embalar a dor dos silêncios vis”(FLG) e antes de termos apenas drones em vez de pássaros a cruzar o céu.
(*) Ao querer entrar num daqueles programas informáticos que pedem para se reproduzir caracteres deformados para que o utilizador prove que não é um robot, a IA pediu ajuda a um humano, o qual pensando que estaria a falar com outro humano, questionou sobre o porquê daquele pedido tendo a IA respondido (mentindo) que tinha um problema de visão!