Nos últimos dias, utentes e profissionais de saúde, alertaram para o risco de encerramento da urgência de obstetrícia do Hospital Garcia de Orta (HGO) no período noturno, devido à carência de médicos. No ano passado o serviço de urgência de pediatria do HGO encerrou no período noturno por falta de médicos e apesar dos compromissos assumidos pelo Governo ainda não reabriu.
Estes são os resultados de uma continuada política de desvalorização dos profissionais de saúde, que levou à saída de muitos médicos para o setor privado e para a aposentação. Conhecido que é o problema, não se compreende que os Governos nada tenham feito para inverter a situação e evitar a redução de serviços, prejudicando as populações.
O Centro Hospitalar de Setúbal está em risco de perder valências devido à falta de médicos e às limitações físicas das suas instalações. Tardam em avançar as obras de ampliação do Hospital de São Bernardo que irão proporcionar a reorganização e reaproveitamento de espaços e novas instalações de vários serviços, nomeadamente as urgências. Apesar do compromisso assumido, no Orçamento do Estado para 2020 não foi incluída a verba para a ampliação do hospital.
O Governo decidiu adiar novamente a adjudicação do concurso para a elaboração do projeto do Hospital no Seixal. No início deste mês, confrontado com a necessidade de dar esclarecimentos sobre esta decisão, o Governo justifica o atraso com a epidemia. Mas a justificação não colhe considerando que este concurso está por adjudicar há quase dois anos. Não há nenhuma razão para que um concurso para a execução de projeto, iniciado em julho de 2018 ainda não esteja concluído, sobretudo para a concretização de um investimento urgente como é o Hospital no Seixal.
Sobre a necessidade de construção de um novo Hospital para responder às populações dos concelhos do Montijo e de Alcochete nem uma palavra. O Hospital do Montijo foi desqualificado com a perda progressiva de serviços e valências, em particular a cirurgia geral e medicina interna e o serviço de urgência médico cirúrgica foi desclassificado.
Na generalidade das extensões e centros de saúde da Península de Setúbal também há falta de profissionais de saúde e há 131.497 utentes sem médico de família, segundo os dados disponibilizados no sítio da internet SNS.
As populações da Península de Setúbal sentem grandes dificuldades no acesso aos cuidados de saúde, seja nos cuidados de saúde primários, seja nos cuidados hospitalares.
O Governo tem de uma vez por todas tomar as medidas para resolver os problemas existentes e concretizar os compromissos assumidos com as populações e a região e não procurar subterfúgios para justificar o injustificável, deixando assim todo o espaço para a iniciativa privada e para o negócio da doença.
A atual situação exige investimento no SNS, no reforço do número de profissionais de saúde, na modernização de equipamentos e na ampliação e construção de estabelecimentos de saúde.
Investir no SNS é a solução para assegurar o direito à saúde.