Iniciou esta semana mais um campeonato da Europa de Futebol, este ano e pela primeira vez partimos na posição de detentores do título, o que coloca expectativas redobradas para a revalidação do mesmo.
A paixão pelo futebol é grande no nosso país e quando está em campo a selecção nacional o fervor aumenta e todos nos unimos em torno da nossa equipa. Porém a atenção quase total que o futebol concentra deve nos fazer pensar mais uma vez no que queremos para o futuro do desporto nacional, com especial atenção para as camadas mais novas, os jovens que neste momento estão na sua fase de formação.
A prática desportiva é um dos pilares fundamentais da formação dos jovens já desde os tempos da antiguidade clássica, contribuindo para um desenvolvimento equilibrado entre corpo e mente e que permite a aquisição mais fácil de competências motoras e sociais.
A proliferação de várias escolas de futebol tem afastado muitos jovens das outras modalidades desportivas, muitos deles correndo atrás do sonho de se tornarem estrelas mundiais, jogarem nas ligas mais competitivas e com contratos multimilionários, que acabam por estar apenas ao alcance de uma muito reduzida minoria. Mas agravado por paragens forçadas em duas épocas consecutivas, este acaba por não ser o principal desafio que as outras modalidades desportivas enfrentam.
O impacto negativo que esta pandemia provocou nos calendários competitivos já afastou e penso que poderá afastar ainda mais jovens da prática desportiva. Por desmotivação, pela perda de hábitos de treino e da prática das actividades ou mesmo por receio de contágio muitos jovens não estão a regressar agora que os treinos e as competições estão a retomar. Acredito que iremos pagar um preço bem elevado num futuro próximo, não só pelo decréscimo do número de praticantes e pela qualidade dos resultados, mas principalmente pelo aumento de problemas de saúde como a obesidade infantil e outras condições que daí advenham.
As dificuldades financeiras que muitos clubes atravessam, em especial os mais pequenos, com menos recursos e com maiores limitações organizativas em conjunto com as normais dificuldades que atletas enfrentam, como a conciliação dos horários escolares aos horários de treino bem como a necessidade de apoio financeiro e logísticos que cada vez mais são necessários por parte de pais e de encarregados de educação, são variáveis adicionais que tornam esta equação cada vez mais difícil de resolver.
A solução não pode ser unidimensional. Escola, clubes, poder central e autarquias têm de colaborar em conjunto para que consigam encontrar soluções que seguramente não passam só pelo financiamento indiscriminado sem qualquer tipo de critério. Os jovens têm de começar a ser acompanhados desde muito cedo nas escolas, com a promoção da prática da actividade física e identificando as potencialidades de cada criança orientando-as consoante as suas características físicas e gostos pessoais.
Mas agora é tempo de apoiar todos os atletas que representam o nosso país nos vários campeonatos europeus e mundiais e naturalmente no grande evento desportivo que são os Jogos Olímpicos.
Força campeões!