Foi uma batalha eleitoral exigente em que demos o nosso melhor, de forma dedicada e verdadeira. Os ativistas da CDU com a sua militância, mas também muitos homens e mulheres sem partido, que deram o seu apoio a este projeto e a sua participação nesta campanha. Foi um combate desigual, em que o esclarecimento, o contacto direto, a notável campanha de rua, que a CDU levou a cabo, encontrou pela frente uma campanha poderosa e de uma agressividade sem paralelo, por parte do sistema mediático dominante.
Neste quadro, foi ainda mais admirável a generosidade, o empenho, a entrega dos ativistas da CDU: desde as jornadas de contacto direto junto das empresas e locais de trabalho até às tribunas públicas, debatendo nas praças e nas ruas os problemas e as soluções e propostas na habitação, nos transportes, nos salários e nos direitos. Não posso deixar de destacar a incrível participação da Juventude CDU, exemplar motivo de orgulho e confiança.
Entretanto, os resultados eleitorais vieram revelar que a manobra do Governo PS para arrancar uma maioria absoluta, acabou por funcionar – e é particularmente esclarecedor quando observamos as reações de júbilo e euforia dos mais destacados representantes do grande patronato, dos bancos, das agências de rating. Esses são os interesses que logo na segunda-feira vieram cantar vitória. Porque será?
A maioria absoluta obtida pelo PS, no plano nacional e no Distrito, teve como elementos determinantes a enorme promoção da bipolarização e dramatização do perigo da direita; a deturpação dos factos, presente na insistente e falsa responsabilização do PCP e do PEV pela realização de eleições a propósito da não aprovação da proposta de OE para 2022; a descarada apropriação pelo PS dos avanços alcançados nestes últimos anos que resultaram sempre da ação determinada da CDU.
O que as pessoas diziam na rua não tinha nada a ver com o OE. E era o que faltava agora virem reescrever a história. Tal como antes não era aceitável aprovar um PEC 4 que apontava para a privatização dos CTT ou da ANA Aeroportos, também agora não era admissível aprovar um OE que previa aumentos salariais abaixo da inflação, ou um corte de 130 milhões no financiamento dos transportes públicos, colocando em falência técnica o sistema do passe! O Governo PS garantiu que a proposta de OE não passava, porque queria eleições e não soluções. Mas o que surgiu em força nos últimos dias da campanha foi uma bipolarização pré-fabricada, que dramatizou ao transe a conversa do “vem aí a direita”.
Mas o que se verificou foi um resultado do PSD que ficou claramente aquém dos objetivos e expectativas adiantados, assim como a redução de influência e não eleição de qualquer deputado pelo CDS – factos que são indissociáveis da memória da ação do Governo PSD/CDS.
Para o aumento da expressão eleitoral e a eleição de deputados do Chega e IL na região, foi determinante a promoção feita ao longo dos últimos anos, alimentando as suas conceções reacionárias. Entretanto, o PAN perde o mandato que tinha alcançado no Distrito, vendo reduzida em mais de metade a sua base eleitoral. E o BE perdeu quase metade da sua expressão eleitoral e um deputado na região, mesmo num contexto de grande visibilidade mediática que não deixou de se verificar
O resultado obtido pela CDU nestas eleições legislativas no Distrito de Setúbal traduz uma quebra eleitoral e perda de um deputado do Partido Ecologista Os Verdes. Inequivocamente, este resultado fica aquém do importante trabalho realizado nestes anos pela CDU e pelas suas componentes, pelos seus eleitos e ativistas. O quadro político que resultou destas eleições é mais difícil para as lutas e aspirações dos trabalhadores e das populações do Distrito e do País. Mas, tal como o PCP já reiterou nos seus pronunciamentos desta semana, continua em pleno a determinação em prosseguir e dinamizar o trabalho, com propostas e soluções para os problemas, com a resistência e a luta contra as políticas de direita.
Vamos em frente com a participação e a ação no terreno, com iniciativas que já estão em agenda para os próximos tempos – com particular destaque para a sessão pública já no dia 19 no concelho da Moita, com Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral do PCP, e para o grande comício de dia 6 de março no Campo Pequeno em Lisboa.
Todos os trabalhadores, jovens, reformados, todos aqueles e aquelas que não desistem de lutar por uma vida melhor, por um país mais justo, soberano e desenvolvido, vão poder continuar a contar connosco. A luta continua!