A incerteza do dia seguinte

A incerteza do dia seguinte

A incerteza do dia seguinte

, Deputada da IL
30 Junho 2022, Quinta-feira

No momento em que escrevo este artigo, uma incerteza paira sobre as populações dos concelhos de Almada, Seixal e Sesimbra. Uma incerteza que preocupa milhares de pessoas que, amanhã (tendo em conta a data da publicação), 1 de julho, apenas querem chegar a tempo ao emprego e regressar a casa à hora habitual. Falo, evidentemente, do arranque, nestes concelhos, da operação da Carris Metropolitana.

 

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Depois do que aconteceu em Alcochete, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal, aquando do arranque da operação na área 4 – em que se registaram diversos problemas motivados por situações como a falta de sinalização das paragens, atrasos, autocarros insuficientes ou porque, simplesmente, os motoristas não sabiam os percursos e horários a cumprir – esse sentimento de incerteza é compreensível e a apreensão evidente. Nesses primeiros dias de junho, milhares de passageiros foram deixados à espera, as queixas multiplicaram-se e as antigas rotas de autocarros tiveram de ser retomadas, não estando, ainda, garantido por completo o serviço contratualizado.

 

O que se passou nos concelhos da área 4 da Carris Metropolitana foi simplesmente inadmissível e já fez adiar a entrada em funcionamento nos concelhos das áreas 1 e 2 para 2023. É fundamental que os problemas não se repitam nos concelhos da área 3, sob pena de se defraudarem as expetativas e as necessidades de todas as pessoas que contam com este novo serviço, mas, principalmente, porque seria (mais) uma machadada na credibilidade da Transportes Metropolitanos de Lisboa (empresa pública que gere horários, tarifários e concessões da Carris Metropolitana) e da Área Metropolitana de Lisboa, enquanto sua proprietária. Mais um arranque em falso, com o impacto do anterior, e o descrédito irá pairar também sobre alguns dos autarcas reeleitos nos concelhos da Península de Setúbal que, nas últimas eleições, não se coibiram de se colar a este projeto como se este fosse algo da sua autoria e responsabilidade. Por fim, é a viabilidade de um modelo de gestão de competências políticas e de subsidiariedade assente no municipalismo que fica em causa. E das duas, uma: serão reforçados os argumentos centralistas de uns ou, por outro lado, serão reforçados os argumentos daqueles que defendem uma visão regionalista para o país, em que mais uma camada de Estado, leis e burocracias seriam criados para complicar a vida das pessoas e das empresas.

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Sejamos claros, depois do que se passou no início de junho e sabendo que em Almada, Seixal e Sesimbra, a Carris Metropolitana será concessionada à já nossa conhecida Transportes Sul do Tejo (TST), não há qualquer margem para falhas. Até porque, considerando toda a oferta prevista na intensa campanha de comunicação em torno deste projeto, o aumento das rotas disponíveis (apesar de algumas descontinuadas), a renovação da frota e as exigências do contrato de concessão, a Carris Metropolitana só pode resultar numa franca melhoria quando comparada à atual oferta da TST. É essa a expectativa de milhares de pessoas para amanhã, ainda que se mantenha a incerteza do dia seguinte.

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