A História, a política, o futebol e o Euro 2020 (Parte I)

A História, a política, o futebol e o Euro 2020 (Parte I)

A História, a política, o futebol e o Euro 2020 (Parte I)

, Professor
19 Julho 2021, Segunda-feira
Giovanni Licciardello - Professor

A história da nossa relação com a Inglaterra e da famosa aliança mais antiga do mundo, remonta ao casamento entre D. João I e D. Philippa of Lancaster, datado de 1387.

Esta longa aliança entre Portugal com aspirações imperiais e a maior potência imperial da história da Humanidade, a poderosa, temida e absoluta Inglaterra, foi basicamente uma relação de prepotência da segunda em relação ao primeiro.

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No século XIX, com as Invasões Francesas, Portugal pretendeu manter-se neutro com o conflito entre França e Inglaterra, tendo esta ameaçado com a usurpação das nossas colónias.

O suposto apoio inglês, com a vinda de tropas inglesas, comandadas por Arthur Wellesley, futuro Duque de Wellington, transformou-se rapidamente numa relação de abuso de poder, que começou com a fuga da família real portuguesa (D. João VI) para o Brasil. A corte portuguesa habituou-se à boa vida nos trópicos e não havia meio de regressarem, tendo lá permanecido 13 anos (1808 a 1821), com todos os constrangimentos provocados primeiro pelos franceses, com as invasões e a seguir pelos ingleses, com a suposta libertação.

As invasões francesas tiveram efeitos devastadores em Portugal, quer a nível social, quer patrimonial.

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Em 1890, a Inglaterra enviou a Portugal o famoso Ultimato, ordenando-nos que abandonássemos os territórios localizados entre Angola e Moçambique (actual Zâmbia, Zimbabwe e Malawi), contidos no mapa cor-de-rosa e ameaçando-nos com o uso da força.

  1. Carlos assustou-se perante a “grande” Inglaterra, cedeu e este foi o primeiro de muitos acontecimentos que haveria de culminar em 1908 com a sua morte por assassínio no Terreiro do Paço e, dois anos depois, a 5 de Outubro de 1910, com o derrube da Monarquia e o surgimento da República.

Com a 1ª Guerra Mundial, Portugal foi criminosamente “empurrado” para a frente de batalha, quer pelo suposto “aliado” de sempre, a Inglaterra, quer pelo governo de então, que aproveitou a oportunidade para procurar legitimar internacionalmente o regime republicano.

Foi, basicamente, um massacre. Entre 1914 e 1918, partiram para a Guerra mais de cem mil soldados portugueses, que combateram em África e na Flandres. Portugal registou quase 40 mil baixas. Houve quase oito mil feridos, seis mil desaparecidos e mais de sete mil foram feitos prisioneiros, fazendo de Portugal o país que proporcionalmente sofreu o maior número de mortos.

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Salazar não voltaria a cometer o mesmo erro na 2ª Guerra Mundial.

Nessa ocasião histórica, honra lhes seja feita, Churchill e a Inglaterra foram determinantes contra Hitler e o perigo nazi.

No pós-guerra e com o surgimento, consolidação e alargamento da União Europeia (UE), como a casa-comum da Democracia, a Inglaterra manteve-se sempre como um estranho, alguém de fora, que só entraria para fazer confusão.

Mantiveram sempre a Libra e não o Euro e evidenciaram sempre muitas reservas e hostilidade, relativamente a uma política comum.

E como corolário de tudo isto, deu-se o Brexit, para grande alegria e gáudio de Vladimir Putin, o eterno presidente da Rússia.

Eu sou um europeísta convicto. Entendo que a Europa terá sempre um papel determinante, como agente de estabilidade com os excessos americanos, a prepotência inglesa e contra os regimes ditatoriais de matriz comunista, na China e fascista, na Rússia.

Obviamente não queremos cá ninguém contrariado. Se a Inglaterra decidiu democraticamente sair da UE, devemos respeitar essa decisão.

Vamos ver a parte desportiva.

Fica para a semana.

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