Consumou-se por estes dias, no meu concelho de residência e onde votei nas últimas autárquicas, o Seixal, uma situação que só consigo qualificar como fraude política. Aliás, foi nessas eleições que tudo começou, pois, a dada altura, muitos seixalenses foram apanhados desprevenidos.
Estou a falar, claro, e como não poderia deixar de ser, da integração no executivo municipal, liderado pela CDU, do agora vereador independente, eleito pelo Chega, a tempo inteiro, com o pelouro da Fiscalização e Contra-Ordenações, áreas que conhece por ser funcionário da autarquia há cerca de 25 anos. Recordo que a proposta apresentada pelo presidente da Câmara Municipal do Seixal foi aprovada na semana passada com os votos a favor da CDU e do vereador em causa, e a abstenção dos restantes vereadores (quatro do PS e um do PSD).
Convém clarificar que já há um ano o Chega retirou a confiança política aos vereadores eleitos no Seixal e em Sesimbra por terem viabilizado orçamentos municipais da CDU, sendo que, neste último concelho, também, por ter sido aceite um pelouro no executivo. Quando aquilo a que chamo de fraude política, este apoio de pessoas eleitas pelo Chega à CDU, se tornou evidente e irreversível, o Chega fez, naturalmente, o que tinha de fazer. Porém, por um melhor resultado nas eleições autárquicas, não se coibiu de apresentar ao eleitorado candidatos com uma preparação questionável e com uma total ausência de escrutínio relativamente às suas motivações políticas. A verdade é que o eleitorado saiu defraudado nas escolhas que fez e o Chega, eventualmente por impreparação, foi parte integrante deste processo. No Seixal, o eleitorado votou num suposto partido anti-sistema e acabou por eleger alguém que mudou para o que de mais instalado no sistema existe no Seixal.
Há, no entanto, algo mais sobre o qual é preciso falar. É cada vez mais evidente que o Chega é o cavalo de Tróia da esquerda no espetro partidário não socialista. Desde apoios à nacionalização da TAP, a propostas para controlar margens de lucro, o Chega é, na economia, um partido perfeitamente socialista. A nível nacional, a radicalização do discurso do seu líder e a indefinição do PSD beneficiam o PS e António Costa, razão pela qual votar Chega é um voto a menos numa alternativa ao socialismo. No nosso distrito, votar Chega é o equivalente a votar CDU. É a teoria da ferradura, da aproximação dos extremos, consumada sem qualquer pudor.
Como se costuma dizer, “na primeira todos caem; na segunda, cai quem quer”. E, por isso, o eleitorado, a nível nacional e no nosso distrito, não tem motivo para votar num partido populista e que, de forma objetiva, beneficia a esquerda instalada no poder. A Iniciativa Liberal é o único partido cujo voto contribui para uma alternância de poder, mas, principalmente, para uma verdadeira alternativa política. Uma alternativa que assenta na liberdade do indivíduo e na sua capacidade para escolher o que é melhor para si e para a sua família. Uma alternativa com provas dadas, mais ainda quando comparada com o resultado do socialismo que nos tem (des)governado.