“À Flor das Águas”, pelo Teatro Estúdio Fontenova

“À Flor das Águas”, pelo Teatro Estúdio Fontenova

“À Flor das Águas”, pelo Teatro Estúdio Fontenova

, Professor
16 Maio 2022, Segunda-feira
Giovanni Licciardello - Professor

Na semana passada, uns amigos coralistas do nosso Coro Setúbal Voz, juntámo-nos e fomos assistir à actuação da nossa querida amiga Sara Túbio Costa.

 

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A Sara é uma distinta, categorizada e talentosa actriz, com uma presença em palco muito forte, emotiva e intensa, tal como os restantes membros que compõem o elenco do Teatro Estúdio Fontenova.

 

O Teatro Estúdio Fontenova é uma prestigiada companhia de teatro setubalense, formada oficialmente a 15 de Setembro de 1985.

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Esta companhia é responsável pelo “Festival Internacional de Teatro de Setúbal – Festa do Teatro”, em parceria com a Câmara Municipal de Setúbal e a Escola Secundária Sebastião da Gama.

 

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A 15 de Setembro de 2004, recebeu a “Medalha de Honra da Cidade” de Setúbal, por mérito cultural na área das “Actividades Culturais”.

 

O Teatro Estúdio Fontenova é uma estrutura financiada pela República Portuguesa – Ministério da Cultura / Direcção-Geral das Artes e pelo Município de Setúbal.

 

Para quem é setubalense como eu, não pode deixar de se sentir seduzido e fascinado com a última peça da referida companhia de teatro, intitulada “À Flor das Águas”.

 

Segundo a coordenadora do projecto, Patrícia Paixão, “é uma criação colectiva que parte das memórias e vivências da cidade de Setúbal para falar sobre os espaços públicos e o direito à cidade”.

 

E, de facto, assim é. Somos levados desde a ancestralidade possível do burgo setubalense, plasmada em fotos muito antigas que surgem por trás dos actores, até uma contemporaneidade nem sempre muito bem conseguida em termos daquilo que deve ser a essência de uma urbanidade coerente e harmoniosa que em determinados locais anda um pouco arredia.

 

Tal leva-nos a reflectir sobre a tipologia de algum do tecido urbano setubalense.

 

Percorremos toda uma toponímia formal, através do nome e da localização das ruas, até uma outra informal e até afectiva, com nomes de pessoas, restaurantes, cafés e actividades comerciais diversas.

 

Para mim, o momento mais bem conseguido, é precisamente aquele em que todos estão sentados na mesa do “café”, onde os diálogos “setubalenses” surgem em catadupa e onde se pode constatar o enorme virtuosismo e qualidade interpretativa dos actores.

 

Surgem, por trás, imagens do funeral de Zeca Afonso, ocorrido em 1987, onde um mar de gente prestou a derradeira homenagem a um dos génios da música portuguesa.

 

Conheci-o pessoalmente; era um homem invulgar, no melhor e mais nobre sentido que a palavra pode ter.

 

A companhia aborda os problemas sócio-políticos numa perspectiva “canhota”, em detrimento de outras mais abrangentes.

 

 

Voltando à peça, e ainda segundo os autores, “Ao longo de três meses tivemos oito momentos de contacto com o público, traduzidos em seis caminhadas e conversas que foram das Praias do Sado à Bela Vista, do Casal das Figueiras à Baixa e à Frente Ribeirinha.”

 

O evoluir da narrativa transpõe-nos para o nosso roteiro afectivo e emocional, às vivências, às memórias dos locais que conhecemos bem, às pessoas, cheiros, aromas desta nossa magnífica cidade, virada em leque para o rio Sado.

 

No fundo, a nossa cartografia corporal.

 

O espectáculo de estreia no Fórum Municipal Luísa Todi foi acompanhado do lançamento de um livro que faz um resumo sobre as conversas com as pessoas que contribuíram para a criação de “À Flor das Águas”.

A peça do Teatro Estúdio Fontenova conta com as interpretações de Clara Passarinho, João Mota, Patrícia Pereira Paixão, Rafaela Bidarra e Sara Túbio Costa. A narração em voz-off é de Graziela Dias.

 

À Companhia de Teatro Estúdio Fontenova e aos actores, os meus sinceros parabéns.

 

Setúbal, terra de Cultura.

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