A Europa por maus caminhos

A Europa por maus caminhos

A Europa por maus caminhos

, Ex-bancário, Corroios
10 Dezembro 2024, Terça-feira
Francisco Ramalho

Foi triste, muito triste, ver António Costa, mal tomou posse do alto cargo na União Europeia para que foi investido, deslocar-se imediatamente a Kiev para abraçar o homem de mão do imperialismo norte-americano. O “democrata” que ilegalizou todos os partidos do seu país com exceção do seu e outro da extrema-direita. O ambicioso que afogou num banho de sangue (15 mil mortos) as pretensões legítimas da população russófona do Donbass para dar cumprimento aos ainda mais ambiciosos do outro lado do Atlântico, na sua ânsia de hegemonia global.
A velha Europa, do Cabo da Roca aos Urais, tem tudo para ser uma potência neste novo mundo multipolar. Tem saber e potencial. Mas devia ter unidade, cooperação com os seus vizinhos, com toda a comunidade internacional e independência. Não devia submeter-se.
Na extensa entrevista que concedeu ao jornal Público de 29/11/24, António Costa aponta o dedo acusador à Rússia responsabilizando-a pela guerra na Ucrânia, sem fazer uma única referência à sua origem há dez anos, com responsabilidades dos EUA e da UE e não mostrando nenhuma disponibilidade por parte da UE, à única maneira de como deve terminar; pela diplomacia.
“O compromisso da UE com a Ucrânia é para a guerra, para a paz e para a reconstrução”.
Esta guerra que podia ter sido evitada e que agora é premente que cesse, só tem prejudicado a Ucrânia, a Rússia e a UE. Quem ganha com ela, são os EUA. A sua indústria de armamento e dos combustíveis. As inúmeras sanções aplicadas à Rússia, o rebentamento do gasoduto (nord stream) que abastecia a Europa, tiverem efeito boomerang em relação aos países da UE que passaram a comprar o gás muito mais caro aos EUA. Que, como se constata, ganha em todos os tabuleiros com prejuízos tremendos para a UE.
O grande apelo de Costa, assim como dos seus correligionários dirigentes da UE, do secretário-geral da NATO (o atual e o anterior) e do Reino Unido, é à corrida aos armamentos. Que, eufemisticamente, designam por indústria da Defesa.
“Há uma enorme oportunidade para robustecer uma indústria (da Defesa) que, como sabemos, tem sido um motor fundamental de modernização do conjunto do sistema. Não há Europa da Defesa sem uma participação activa do Reino Unido”.
Sobre essa imensa vergonha que é o genocídio do povo palestiniano que EUA apoia e UE cala, nem uma palavra. A Amnistia Internacional denuncia; matam-se civis à bomba e à fome, famílias inteiras, a chacina já vai em quase 50 mil. E questiona, que espera mais a Comunidade Internacional para tomar posição enérgica perante o que classifica como a tentativa de Israel de dizimar em parte ou na totalidade, aquele povo.
Na altura em que escrevo, os ataques à Síria intensificaram-se pelos grupos terroristas reforçados, alguns ligados à Al Qaeda. Os “amigos” da Ucrânia, chamam-lhes apenas rebeldes, e não os condenam.
A guerra só prejudica os povos. A corrida não deve ser aos armamentos, mas sim à paz e a uma vida digna para todos os seres humanos. Há meios para isso.

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