Na passada semana, o Eng.º Fernando Belo concedeu uma entrevista extremamente oportuna ao “Setubalense”, sobre o Vitória, passado, presente e sobretudo, futuro.
Conheço-o muito bem. Fomos colegas de Liceu, tal como o seu primo Dr. Vítor Belo Dias. Jogámos imensas vezes à bola. São os três bons amigos, incluindo-se nesta designação o irmão do primeiro, Professor Jorge Belo.
A família Belo esteve sempre indissociavelmente ligada ao Vitória, desde simples e fervorosos adeptos, até terem desempenhado funções nos diversos órgãos sociais do Vitória Futebol Clube; Direcção, SAD, Conselho Vitoriano e Conselho Fiscal.
Mas o objectivo desta minha crónica é procurar analisar algumas das principais reflexões que Fernando Belo nos deixou, a saber:
- a) O clima de permanente instabilidade directiva: Desde 1995 tivemos Justo Tomás, Sousa e Silva, Henrique Cruz, Jorge Goes, Chumbita Nunes, Jorge Santana, Carlos Costa, Luís Lourenço, Fernando Oliveira, Vítor Hugo Valente. Os que chegam acusam os antecessores de má gestão, mas depois não têm o engenho e o vitorianismo para fazerem melhor.
Com Vítor Hugo Valente basicamente é mais do mesmo. Esta é a minha opinião, naturalmente.
- b) A dívida enorme, que tem vindo sempre a aumentar.
- c) Estádio velho, antiquado, sem condições: Não se aproveitou a embalagem decorrente do Euro 2004, onde poderíamos perfeitamente ter ficado com um estádio mais pequeno, mas moderno e funcional. Em vez disso, temos um estádio que progressivamente nos começa a envergonhar, isto se compararmos com os restantes estádios dos clubes que compõem a 1ª Liga.
- d) Futuros eventuais investidores: Actualmente parece-me ser o único caminho possível. Contudo, para haver interesse por parte do mundo económico, o Vitória tem de estar estabilizado e aí podem-se abrir oportunidades. Setúbal é uma região naturalmente apetecível.
Os três principais problemas que Fernando Belo elencou, foram precisamente a existência de um passivo grande, que acarreta algumas complicações, o estádio velho, bem como a imagem que transparece para o exterior de ser um clube onde ninguém se entende. Quer ao nível dos dirigentes, quer ao nível dos associados. A última Assembleia Geral foi perfeitamente surreal, onde mais uma vez se grita, se vocifera e se insulta, sem algum resultado prático.
Fernando Belo salientou que o Vitória tem história, projecção, excelente localização, atracção turística e a paixão dos adeptos, no fundo tudo aquilo que interessa aos investidores. Uma potencial força motriz muito forte, que pode e deve ser aproveitada.
Mesmo que algum investidor, que se pretende absolutamente credível, ficar com mais de cinquenta por cento da SAD, existem mecanismos operativos e funcionais transparentes que assegurem um bem-estar financeiro e desportivo do clube.
Exemplo desses não faltam. Praticamente todos os clubes internacionais enveredaram por esse caminho. Estádios cheios. Clubes competitivos.
A nível nacional, temos quase todos os clubes da 1ª Liga nesses domínios, sendo um dos casos de sucesso, o Guimarães, que cedeu 60% da sua SAD. Estádio sempre cheio. 42 pontos.
A boa vontade dos dirigentes só por si, não chega. Tem de haver uma estrutura profissionalizada, se quisermos sair deste marasmo e deste amadorismo constante.
Este tem de ser obrigatoriamente o caminho, correndo o risco de nos tornarmos um Estrela da Amadora, Beira Mar ou U. Leiria.
Fica aqui um apelo aos sócios do Vitória, para que se reflicta o futuro que desejam para o Vitória.