A emigração e a imigração

A emigração e a imigração

A emigração e a imigração

26 Setembro 2024, Quinta-feira

Este breve artigo, restrito a uma apreciação qualitativa do saldo migratório, não serve para enlevar nenhum partido, mas sim para transparecer uma problemática actual e quiçá incentivar uma cadeia de artigos ou discussões vindouras que visem elucidar o tópico.
No que toca à imigração, existe dificuldade em aferir as contagens, mas estima-se que totalizem, pelo menos, mais de 1 milhão de imigrantes até à data. As declarações de todos os dirigentes partidários com assento parlamentar partem de uma mesma premissa: “Portugal precisa de imigrantes”, que se molda às posições ideológicas de cada um. O âmago desta conjectura é composto por duas partes: laboral e social, pela necessidade de mão-de-obra e da respectiva contribuição fiscal; e demográfico, por via do aumento da taxa de natalidade.
No que toca à emigração, entre 1 e 1,1 milhões de portugueses emigraram (os dados do INE e do Observatório de Emigração não são muito díspares) desde 2011, muitos dos quais são jovens qualificados. A motivação maior prende-se com alcançar um mercado laboral mais dinâmico e num melhor equilíbrio entre o rendimento e o custo de vida, face àquele que o nosso país tem oferecido.
Com os parágrafos supra infere-se o seguinte que, não obstante a tróika (e a pandemia de Covid 19), a legislação que tem sido aprovada ao longo de muitos mandatos provocou o definhamento, duma perspectiva liberal, o tecido empresarial (pequenas e médias empresas) e, duma perspectiva social, os apoios à habitação e ao custo de vida, que se revelaram insuficientes. Assim, estes dois factores não fomentaram condições propícias à retenção de portugueses e impeliu-os a saírem do país. Muitas destas pessoas com formação e especialização fruto do ensino público, erguido com os nossos impostos – e com orgulho, diga-se de passagem. Portugueses que vão viver para outros países, deixar o seu contributo fiscal, aprender a cultura e a língua do país hospedeiro, e constituir família.
Portanto, estamos neste momento presos a um processo sisífico vicioso em que o governo não criou condições suficientes para reter portugueses que poderiam, de outro modo, impactar positivamente a demografia, a segurança social e a cultura, enquanto olham para a imigração como um remendo rápido para colmatar esta ineficiência.

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