Entre Dezembro de 2016 e Abril de 2017, a Fundação Associação Empresarial de Portugal (AEP) dinamizou um questionário online, dirigido a cidadãos de nacionalidade portuguesa ou nascidos em Portugal residentes no estrangeiro com formação de nível pós-secundário, como o objectivo de estudar a emigração de jovens qualificados no âmbito do programa “Empreender 2020 – O Regresso de uma Geração Preparada”.
No conjunto de conclusões recentemente divulgadas por este projecto pioneiro, que operou no seio da diáspora portuguesa, particularmente na Europa, um levantamento de jovens emigrantes detentores de elevadas competências técnicas e educativas, e estudou o potencial de retorno desse capital humano e o seu impacto no desenvolvimento económico do país, destaca-se desde logo o facto estruturante de 62% dos jovens lusos qualificados, com idades compreendidas maioritariamente entre os 30 e 39 anos, continuar a emigrar.
De acordo com o estudo, que mostra o Reino Unido como um dos grandes destinos da nova emigração portuguesa, embora mais de metade desses jovens qualificados revelarem um perfil de empreendedor ou potencial empreendedor, e inclusivamente 56,4% afirmarem que gostavam de voltar e ser empresários em Portugal, existe um número significativo de jovens emigrantes lusos qualificados (35%) que pondera nunca mais regressar à pátria de origem.
O mesmo estudo indica ainda as principais motivações do retorno ao território nacional, assim como as de fixação nas novas pátrias de acolhimento. Os que pensam regressar, apontam sobretudo a saudade, e o estar próximo da família e dos amigos como o principal impulso de retorno, os que não pensam regressar, assinalam essencialmente as faltas de oportunidade de carreira, de emprego e os baixos salários na sua área, como a principal razão de optarem por trabalhar no estrangeiro.
Tendo em linha de conta que na última década a emigração lusa atingiu números históricos, contexto que acarretou a saída de milhares de portugueses entre os 20 e os 40 anos do país, este estudo sobre a emigração de jovens qualificados revela a imprescindibilidade da sociedade portuguesa apreender os desafios e oportunidades da emigração enquanto instrumento fulcral do nosso desenvolvimento e futuro colectivo.