Faz hoje 15 dias que, neste espaço, sob o título “um mandato que se adivinha atribulado”, alertei para a importância de o Vitória Futebol Clube romper com um passado de conflito interno. Salientei a importância de se celebrar um pacto de estabilidade, com o intuito de dar tempo ao clube para respirar e procurar sair do poço em que mergulhou. De outro modo, dizia, os próximos tempos seriam mais do mesmo.
Não estando particularmente optimista, daí o título da crónica, ainda assim nunca me ocorreu que o início de mandato de Paulo Rodrigues fosse, à falta de melhor palavra, tão desastrado e tão pouco prudente. Portanto, sou obrigado a concluir, está clarificado o que o Vitória terá pela frente nos próximos tempos: mais do mesmo, conflitos e divisões, numa espiral que afastará terceiros de ajudarem o clube. Lamento, por isso, o caminho escolhido. Perderemos todos: dirigentes, sócios e adeptos, cidade e distrito.
A crise, naturalmente, continuará a aprofundar-se. E se a situação do Vitória já era difícil, mais difícil se tornará, numa espécie de confirmação dramática da fábula da rã e do escorpião.
Ora, custa-me a aceitar a inevitabilidade ditada pela natureza ou pelas circunstâncias. Acredito que nós somos senhores do nosso destino e que podemos transcender as limitações que nos são impostas. Custa-me, por isso, a aceitar esta espiral suicida, a falta de bom senso e a ausência de capacidade para romper com o passado.
Ainda assim, quase irracionalmente, mas num gesto de vontade contra determinismos, quero acreditar que há futuro para o Vitória, apesar dos erros de todos aqueles que parecem apostados em garantir o contrário.