Em política, a arrogância paga-se e de forma muito cara. É por isso, que cedo ou tarde chegará a hora de Luís Montenegro responder pela forma como tem gerido a relação do Governo com o Parlamento (entenda-se as oposições). Não deixa de ser motivo de perplexidade esta arrogância. Luís Montenegro, enquanto líder do PSD, conquistou um dos piores resultados do Partido nas últimas eleições legislativas. Não só não aumentou o número de deputados do seu partido na Assembleia da República, mantendo o mesmo número de mandatos que Rui Rio, como falhou a negociação de uma maioria estável. A estagnação do PSD foi um “outlier” em contraciclo, face ao resultado dos Partidos da Direita que cresceram como nunca. Desde Passos Coelho que não existia uma maioria de direita semelhante a esta na Assembleia da República e ainda assim, o “Homem do Leme” do Governo da Nação consegue governar com fragilidade.
Bem diz o povo português: “se queres ver um vilão, dá-lhe um pau para a mão”. O Primeiro-ministro maquilha a sua fragilidade com arrogância. A arrogância desde a primeira hora de negociações com o CHEGA (recorde-se que aquando da eleição do Presidente da Assembleia da República quiseram negar publicamente a negociação feita), a mentira de quem jogava em dois tabuleiros ao mesmo tempo (os diálogos eram mantidos simultaneamente com o PS e com o CHEGA) e a ousadia de esperar uma viabilização do Orçamento sem acolher qualquer proposta do partido que represento.
Ao longo de semanas reduziram o OE2025 a duas medidas: IRS Jovem e IRC. (Como se fossem as únicas medidas ou as mais estruturais do extenso documento fundamental à gestão do país.) Depois de uma ameaça de crise política – falta de uma maioria para aprovação do documento – Luís Montenegro cede ao Partido Socialista nas duas matérias. Contudo, agora em sede de especialidade o seu Partido apresenta alterações à proposta do IRC para atingir os prometidos 2% de redução. Na visão do CHEGA, essa redução é fundamental. No entanto, não podemos deixar passar em branco a falta de palavra de um Primeiro-ministro que tem governado a pensar em eleições. Não só porque é evidente precipitá-las (o Partido Socialista encontra-se agora novamente pressionado em relação ao sentido de voto na votação final), como também, passou os últimos meses a distribuir recursos por classes profissionais ou grupos sociais, tentando anexar eleitores.
Para o PSD este é o melhor momento para procurarem consolidar a sua maioria. Ainda não estão muito fragilizados pelos erros ou crises da Governação, mas estes começam a surgir (ex: tumultos nos bairros, crise no INEM).
Os próximos dias serão fundamentais e todas as peças serão fundamentais no tabuleiro de xadrez. Contudo, Luís Montenegro ficará conhecido como o líder que espezinha toda a oposição: desde a oposição que controla (IL), à oposição que teme e procura esvaziar.