28 Abril 2024, Domingo
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Tudo na mulher é político!

Tudo na mulher é político! Desde o dia em que nasce até ao dia em que morre. O seu corpo nunca lhe pertence naturalmente, ou serve para ser apreciado, ou existe a pressão para a maternidade. Em todas as fases da vida são-lhe atribuídos papéis.

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Sempre nos foi pedido para ser algo mais! Nunca foi pedido só para ser mulher. Sempre nos foi pedido para ser algo mais. Mãe, com ou sem instinto maternal, confidente, professora, boa amiga, prostituta, cozinheira.

À mulher é dito que é o sexo mais fraco, mas é educada na dor desde a pressão social que lhe diz qual deve ser o seu peso, como se deve comportar, o que deve fazer. Que tenta manipular a sua mente e a sua forma de estar.

Às dores de ser mulher: de tentarem constantemente colocarem-nos em competição entre nós, as dores da menstruação, as dores de parir, as dores de aguentar relacionamentos tóxicos, as dores de ser questionada sobre o que fazia ali àquela hora, porque a mulher nunca é uma vítima inocente, é sempre uma vítima que provoca. Claro, porque mais existiria a mulher senão para provocar sexualmente o homem. Todos os dias são novas pressões para o que lhe fica bem ou como se deve comportar.

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Existe privilégio sim. Existem mulheres com beleza europeia caucasiana que são sempre mais atraentes, sempre mais inocentes nas suas atitudes. Nem posso, nem consigo entrar na sexualização da mulher negra e da mulher latina. Como mulher europeia, nunca vivi o seu papel.

Mas depois, em devaneios, avançamos pelos nossos direitos, mas sempre juntas. Porque a luta da mulher nunca pode ser singular, tem de ser sempre no plural. Mas o pior é quando vem a onda de bons costumes, quando vem a onda de um tradicionalismo mascarado, quando vem uma crise. Aí os nossos direitos são sempre mascarados como voltar a um bom tempo antigo.

Onde bater na mulher era educá-la, onde era pedido que aguentasse pelos filhos, porque ele até não era mau rapaz. Só tinha aquele problema de raiva. E nessa sede de saudosismo mascarado, sempre com argumentos como “nação aos portugueses!”, “antigamente é que era, esta “bandidagem” não existia.”

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Começamos a ouvir os argumentos sobre a mulher e o seu papel na família, sim, mesmo em 2024. Basta acender a televisão e algum partido de extrema direita falar. E todos os dias, em todos os seus atos, em todos os seus comportamentos, a mulher não pode esquecer: Os seus direitos não são adquiridos, são conquistados. Em 2024, ainda querem-nos atribuir papéis obsoletos, ainda querem referendar o nosso corpo e os nossos direitos reprodutivos.

Citando Gisele Hamili: “Nunca se esqueçam que basta uma crise política, económica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados. Esses direitos não são permanentes. Terão de manter-se vigilantes ao longo de toda a vossa vida”.

No mês de março, que reflitamos e que ganhemos energia para continuar a lutar! Viva às mulheres!”

Membro da Assembleia Municipal de Setúbal

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