No auge da tremenda crise entre os palestinianos da Faixa de Gaza e os israelitas, com mobilização de centenas de milhar de militares e de assustadoras concentrações de blindados, na iminência de graves confrontações de potências de grande poder militar, no auge da visão em permanência (ou quase) de violentos bombardeamentos arrasadores e provocando dezenas ou centenas de vítimas, na movimentação frenética de presidentes e ministros de vários e poderosos países para reuniões em que se fala de paz e auxílios humanitários para milhares de pessoas sem casa, sem água ou qualquer tipo de energia, venho falar de crise climática?
Assistindo a movimentações de máquinas de guerra poderosas, a actos de terrorismo com mortes e raptos e a verdadeiras provocações para forçar esta ou aquela “grande potência” a definir a sua posição, pró ou contra um dos iniciadores daquela tremenda situação, venho falar de crise climática?
Relembrando que toda esta situação quase nos fez colocar para segundo plano a agressão da Rússia à Ucrânia onde morrem igualmente centenas, diariamente, de soldados e civis, numa guerra que dura há mais de dois anos e para a qual igualmente se não vislumbra a “luz intensa da paz”, venho falar da crise climática?
A verdade é que embora estejamos perante situações gravíssimas onde se não vislumbram soluções, a realidade é que elas existem se os homens que detém o poder neste mundo forem “iluminados”. A realidade é que há soluções, difíceis é certo! E estando para se realizar mais uma conferencia (certamente igual a tantas outras que se fizeram, em que se tomaram decisões e nada se fez), a realidade é que, quanto a solução para as alterações climáticas, há muito cientista que afirma que estamos já numa situação de “não regresso”.
Portanto, o nosso mundo está à beira de tornar-se inabitável dentro de quatro ou cinco décadas! E como o Papa Francisco (há muito preocupado com esta situação) acaba de publicar uma Encíclica (Laudate Deum) sobre esse candente problema, senti que tinha obrigação de falar dela partindo de que os nossos órgãos de informação pouco falarão de tão importante documento.
Então agora, face às situações de que falámos acima, certamente tal documento ficará no esquecimento. Aliás numa avaliação dos nossos noticiários e dos nossos habituais comentadores, os problemas ecológicos têm sido pouco abordados. E as inundações, os furacões, os 40 graus de temperatura ou as secas e os degelos, as legiões de migrantes que se movem procurando onde se possa viver (morrendo aos milhares afogados nos seus trajectos) parecem não ser suficientes para que os homens do poder deem a devida atenção a esse possível desenlace que – sem tiros nem bombas – leva o nosso mundo para um fim onde os milionários nem na lua se salvarão.
Aí temos o nosso Papa Francisco publicando um pequeno texto de uma dezena de páginas, descrevendo em linguagem simples mas tremendamente explícita, não só a situação do nosso mundo, explicando como se chegou a este desastre e apontando as ainda possíveis modificações da nossa vida e da organização das nossas sociedades que poderão dar a volta à situação. Apesar da gravidade das guerras em curso ou em risco de se desencadearem, senti que devia dar nota de tal documento do nosso Papa que há muito tem falado da necessidade duma “revolução da ternura”. Mais importante ainda por estar a decorrer um “sínodo que modificará a nossa Igreja.
