27 Abril 2024, Sábado
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Na Margem Sul, jamais?

Há exatamente 16 anos, em maio de 2007, o então ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Mário Lino, fez algumas das afirmações – permitam-me o termo – mais idiotas que um membro do Governo poderia ter feito sobre uma região do país, qualificando a margem sul como um “deserto” e dizendo que: “fazer um aeroporto na margem Sul seria um projecto megalómano e faraónico, porque, além das questões ambientais, não há gente, não há hospitais, não há escolas, não há hotéis, não há comércio, pelo que seria preciso levar para lá milhões de pessoas”. Como se não bastasse, acrescentou a famosa frase: “Aeroporto na Margem Sul? Jamais! Jamais!”. Para quem já não se lembra, recordo que o “jamais” foi pronunciado com um sotaque francês de escárnio, arrogância e sobranceria.

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Se, à época, estas afirmações já eram factualmente erradas, considerando a densidade populacional da Península de Setúbal, a sua economia e as infraestruturas existentes, para além de ofensivas, 16 anos depois a realidade demonstrou que o então ministro Mário Lino estava errado e, pior, que a sua atuação poderá ter atrasado em, pelo menos, 16 anos a construção de um novo aeroporto. Isto porque, 16 anos depois, uma Comissão Técnica Independente vai, finalmente, fazer um estudo para, através de vários critérios, indicar qual é a solução técnica e economicamente mais viável para a localização do novo aeroporto de Lisboa.

Das nove soluções possíveis, sete são total ou parcialmente (quando a solução é dual) localizadas na margem sul (distrito de Setúbal) ou a sua zona de influência, o seu impacto económico, ambiental e de tráfego aéreo afeta, maioritariamente, a margem sul, como é o caso da opção pelo Campo de Tiro de Alcochete (efetivamente localizado, na sua maioria, no distrito de Santarém).

Neste artigo, não pretendo defender qualquer solução, mas, apenas, apontar dois aspetos que considero mais críticos. O primeiro aspeto a considerar é o da localização geográfica da Península de Setúbal, que, por diversos fatores, é um ativo, que, por si só, deve ser valorizado. A localização da Península de Setúbal é um fator crítico para a localização do aeroporto e não pode, por isso, continuar apenas a ser um fator crítico para a população arranjar uma casa para morar a preços mais convidativos e ir trabalhar para Lisboa. A localização da Península de Setúbal, aliada aos portos, à indústria naval, à produção automóvel ou vitivinícola, ao turismo e às universidades que aqui já existem, tem de ser um fator competitivo para a atração de investimento privado e consequente desenvolvimento da região.

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O outro aspeto que queria destacar é esse mesmo, o do desenvolvimento que a construção do novo aeroporto traria para a margem sul, caso seja essa a opção. E não, não me transformei numa keynesiana de última hora, mas Hayek ou Friedman nunca negariam que uma infraestrutura aeroportuária, que faria movimentar milhões de pessoas por ano, iria fazer florescer toda uma série de investimentos privados diretos e indiretos que, por sua vez, gerariam mais riqueza e mais oportunidades para a população local.

Passados 16 anos, é caso para perguntar se na margem sul, jamais?

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