27 Abril 2024, Sábado
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Maiorias absolutas ou o risco de dissabores

As maiorias absolutas tendem para arrogâncias e abusos de poder, pechas intoleráveis em democracia, acabando por cansar. O governo da maioria absoluta, tão jovem ainda, cansa como se fora velho no final de legislatura pra esquecer. A rapidez com que este governo forneceu à oposição carradas de argumentos para o atacar e deu aos Portugueses motivos sobejos para a desconfiança e o descontentamento, é matéria de estudo. Em um ano, o que aí vai de ligeirezas e desleixos, de atropelos à transparência, de arrogâncias e coboiadas, de desprezo pelas instituições e de descrédito delas, de má gestão, de desgoverno! Imagino que muitos eleitores que permitiram a maioria, à espera de uma governação competente e tranquila, estejam agora desiludidos e fartos. Votar maiorias absolutas é arriscar dissabores.

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Além dos erros próprios, os maiores inimigos de António Costa têm sido alguns dos seus ministros e secretários de Estado. Inebriados pelo poder, caprichosos, sedentos de protagonismo, descuraram juramentos e regulamentos, leis, lealdades e éticas, obrigações políticas e de serviço público, criando um sem número de problemas ao chefe do governo e do partido, que deveria ser mais cuidadoso nas escolhas e lesto nas demissões. E temos o PS a faltar à autoproclamada diferença das suas políticas e a tardar nas reformas estruturais que urgem, desbaratando uma oportunidade única e difícil de se repetir. Sete anos seguidos de poder, e não se vislumbram resoluções para os grandes problemas do país e da vida da maioria dos portugueses.

O governo, afundando-se num mar de casos, parece funcionar sem saber bem pra onde ir, desnorteado, numa política de reação, errática e trapalhona, quando não irresponsável e incompetente, desgastando-se e desgastando-nos. Entrementes, o primeiro-ministro vai sorrindo e arranjando explicações para as trapalhadas e dossiês emperrados ou mal resolvidos. Por sua vez, o Presidente – que não tem feitio para confrontos e almeja terminar o seu mandato sem a mácula de dissolver a AR – ainda consegue imaginar benefícios na continuidade da legislatura, vai condescendendo e enviando uns recados, sofrendo umas insónias e rogando à Nossa Senhora que dê critério, competência e atino à governação socialista.

As oposições não esperariam que lhes caísse do céu, em tão pouco tempo, tal provisão de munições para bombardearem o governo.

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Órfão desde Passos Coelho e incapaz de se afirmar como opção governativa, o PSD ganhou vida e tem agora nas mãos trunfos para alardes de salvador da pátria. Montenegro, com o novo fôlego que lhe vão dando as ligeirezas, arrogâncias, trapalhices, desatinos e incompetências do governo, mais as boas novas das sondagens e o oráculo do deus Cavaco a cantar-lhe aos ouvidos, já se declara pronto a governar – já! Em torrentes de retórica, apresenta soluções e promete, promete, promete. Os correligionários na AR e nos fóruns de debate político, antes em dificuldades, desanimados, agora exultam, mobilizam-se e cerram fileiras nos ataques continuados ao governo, por tudo e por nada, para deitar abaixo.

Os novos partidos da direita rejubilam e dão largas aos seus manifestos de demagogices e populismo, à espera de crescerem mais nas simpatias dos eleitores.

E as esquerdas, ligadas ao mundo do trabalho e conhecedoras privilegiadas das dificuldades dos trabalhadores e do povo, também têm mais matérias e motivos para a oposição aguerrida que as caracteriza, porventura aquela que mais engulhos e irritações provoca a António Costa.

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