2 Maio 2024, Quinta-feira
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Ó pai, o que é o 25 de Abril?

Todos os anos, por esta altura, chegam os trabalhos da escola sobre a Revolução de Abril acompanhados da mesma pergunta: “Ó pai, o que é o 25 de Abril?”.

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E nós, pais e encarregados de educação que nasceram já após a Revolução dos Cravos, puxamos dos nossos galões, vamos à nossa memória mais recôndita e tentamos lembrar-nos da resposta de quando, com a mesma idade dos nossos filhos, fazíamos a mesma pergunta aos nossos pais.

Sentamo-nos no sofá e a história começa, quase invariavelmente, mais ou menos assim: “Então, no dia 25 de Abril, os militares saíram à rua para acabar com o fascismo, que era uma altura em que as pessoas não podiam falar abertamente umas com as outras, não podiam dar a sua opinião porque corriam o risco de ser presas.

Nesse dia 25 de Abril de 1974, o povo juntou-se aos militares e fez-se a Revolução dos Cravos (porque foram oferecidos cravos aos soldados) e Portugal tornou-se num país livre!”. E assim, fazem-se desenhos de soldados e cravos, com uma história contada à maneira deles e passa mais um aniversário do 25 de Abril.

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Com o passar dos anos, a história vai ficando mais refinada, seja porque as crianças vão crescendo, seja porque nós nos vamos tornando mais exigentes nas respostas que queremos dar aos nossos filhos, seja porque, na realidade, o mundo mudou.

À história dos militares que lutaram pela liberdade (e aqui, a narrativa mantém-se intocável) vão-se juntando os direitos que foram sendo adquiridos e aos quais não devemos renunciar, jamais!

É sublinhada a necessidade de nunca darmos por garantida a liberdade que nos foi dada naquele dia 25 de Abril de 1974 e pela qual devemos lutar, dia após dia, mesmo que, por momentos, pensemos que temos tudo à mão de semear.

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Não são poucas as vezes que, durante a história da Revolução de Abril, lhes digo que se podem considerar umas crianças privilegiadas, mas que isso lhes traz, igualmente, responsabilidades acrescidas.

Porque, como cidadãos informados, têm o dever de continuar a escrever a história da liberdade e a lutar por ela mesmo ainda não tendo entrado, sequer, na adolescência. Porque considero que a frase “as crianças são o futuro do nosso país” é das coisas mais acertadas, é importante e fundamental que comecemos, desde cedo, a dar-lhes as ferramentas necessárias para que se tornem adultos conscientes, inconformados e informados.

É imperativo que lhes falemos abertamente sobre os problemas do dia-a-dia, sem rodeios e sem ideias pré-concebidas. Porque nenhuma criança nasce racista, ou homofóbica, ou a não gostar de brócolos.

São as nossas acções, enquanto pais e encarregados de educação, que as levam por um caminho ou por outro.

A sociedade em que vivemos e à qual as nossas crianças estão expostas é, muitas vezes, cruel, mas cabe-nos a nós dirigir o barco e mostrar-lhes, uma e outra vez, o caminho do respeito pelo próximo, da solidariedade, da igualdade, valores inestimáveis que Abril nos trouxe. E desejar que continuem a colocar, ano após ano, a questão “Ó pai, o que é o 25 de Abril” para que possamos manter acesa a luta pela liberdade.

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