28 Abril 2024, Domingo
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Crónica de um anúncio anunciado

A crónica é um texto escrito para ser publicado em jornais e revistas, assumindo assim um tempo de vida útil bastante curto. À crónica de hoje seguem-se muitas outras, em edições com novos casos e polémicas. Perante uma maioria absoluta cada vez mais fragilizada, não só pelos casos e polémicas, mas sobretudo pela profunda crise económica e social que asfixia a população, António Costa escreve todas as promessas. Lança nomes, visões e megalomanias na esperança de abafar os largos milhares que saem às ruas todas as semanas. Recicla até projetos que haviam já sido anunciados repetidamente em crónicas passadas, mas, apesar da brevidade típica da crónica, o distrito de Setúbal não se esqueceu que todas as promessas não passaram de histórias de ficção.

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Na semana passada, António Costa parece ter-se lembrado que o distrito de Setúbal afinal ainda existe. No âmbito da iniciativa Governo + Próximo e acompanhado de vários ministros e autarcas, o Primeiro-Ministro ‘anunciou’ vários projetos para o Arco Ribeirinho Sul. ‘Anunciou’ a expansão do Metro Sul do tejo, um novo terminal na Moita, novas pontes e até um corredor verde de Almada a Alcochete.

‘Anunciou’ com aspas. Afinal, de novidades pouco houve. Recuemos a agosto de 2021, sessão de apresentação da candidatura de Inês de Medeiros às eleições autárquicas em Almada, onde António Costa exclamou que o “próximo quadro plurianual dos fundos comunitários consagrará a extensão do metro até à Costa da Caparica (…), permitindo infraestruturar uma região desaproveitada, abandonada”. A modernidade prometida do metro circula com um atraso de 14 anos. Três anos depois, txaran, novo anúncio.

O mesmo se pode dizer da ponte para o Barreiro, que continua carente dos 800 metros de ligação ao Seixal. Seixal que sem Hospital continua. O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, assegura que o concurso para a construção virá até ao início de 2024, com uma confiança tão parecida à do Governo que deu luz verde para exatamente o mesmo processo em 2018.

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O Primeiro-Ministro escreveu neste mesmo jornal que “Setúbal já não é um “dormitório””.  Certamente que não será um “polo de modernização”, expressão que tantas vezes tem usado para descrever o futuro do distrito ao longo dos anos, sempre por cumprir.

Na conferência de imprensa no Barreiro, António Costa falou do projeto para o Arco Ribeirinho Sul para o qual trabalhou desde que era presidente da Câmara de Lisboa: “Eu nunca me esqueci do dia em que apanhei um barco no Terreiro do Paço (…) e viemos aqui à Câmara do Barreiro discutir como podíamos pôr a andar este projeto. Na altura, não conseguimos. Agora, vamos conseguir”, exclamou. Quem depende do barco para ir trabalhar todos os dias também não esquece as promessas por cumprir de novos barcos, mais carreiras e melhores condições. Para já? Um novo anúncio: barco até à Moita.

Desta vez é que é. Confia margem esquerda do Tejo, confia. Mas por via das dúvidas, lutemos. Porque de anúncios está o Tejo cheio.

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