28 Março 2023, Terça-feira
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Sexo, moralidade e tabus: uma reflexão sobre a regulamentação da prostituição e do trabalho sexual.

Quer queiramos ou não, vivemos numa sociedade maioritariamente patriarcal. A violência, infelizmente, tem género! Quando falamos de vítimas de violência doméstica, imaginamos na nossa mente uma mulher. Quando falamos de vítimas de assédio sexual, imaginamos uma mulher.

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Mas não nos iludamos, os homens também são vítimas, mas devido à sociedade machista em que vivemos, não é permitido nem construído um espaço seguro para as vítimas (seja qual for a sua identidade) denunciarem. Eles são acusados de terem sido fracos e elas de “se colocarem a jeito”.

Quando se fala de prostituição e/ou trabalho sexual, admitamos que a primeira imagem que formamos é de uma mulher na rua ou de uma acompanhante de luxo, romantizada por filmes que ainda existem em nosso imaginário, como “Pretty Woman”, com Julia Roberts e Richard Gere.

Mas a realidade não é glamourosa. Estão desprotegidos e são empurrados para situações frágeis e escondidas da visão normativa social.

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Numa sociedade com raízes judaico-cristãs e um ponto de vista moral, uma moral de culpa, por oposição a uma moral do prazer que supostamente os antigos povos teriam, questões ligadas à sexualidade e ao sexo remetem-nos para a culpa, para o silêncio, para o medo, para o medo de gostar e de sentir prazer.

Logo, uma profissão (a questão de designação é outro debate acérrimo) ligada a questões sobre o sexo. O tabu é enorme e toca-nos nos nossos preconceitos mais profundos numa sociedade que sempre viu o prazer sexual como pecado.

A regulamentação da prostituição e do trabalho sexual não é de todo uma questão unânime na sociedade portuguesa. Surgem logo em cima da mesa questões morais e ideológicas:

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Quão feministas podemos ser se permitimos a regulamentação do trabalho sexual? Onde falhamos na sociedade onde, para sobreviver, muitas pessoas são trabalhadoras do sexo? E se for uma opção? Não conseguimos imaginar, nossa moral judaico-cristã não nos permite. E se não for? Que programas de saída temos?

Mas, como seres com direitos e deveres, sejamos políticos ou não, enquanto permitimos debates ideológicos, a profissão mais antiga do mundo continua desprotegida e desregulamentada. Enquanto nos permitimos debates ideológicos sem convidar os atores principais, e enquanto não olharmos para esta questão com olhos analíticos e incisivos, sem enviesamentos morais, não teremos uma solução numa temática que sempre foi conhecida por todos.

Até que ponto a sociedade deve interferir na vida das pessoas e em suas escolhas, incluindo a escolha de trabalhar como profissional do sexo?

Qual é o limite do papel do Estado e da sociedade em regular ou proibir atividades consideradas imorais ou ilegais? Quais são os limites de direitos como o direito individual à liberdade e à autonomia. Reflitamos sobre os limites da intervenção estatal na vida privada e sobre como equilibrar a proteção dos direitos individuais com a proteção da dignidade e dos direitos humanos.

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